A mídia monopolista e o governo usurpador tratam de inventar sua narrativa sobre a formidável mobilização sindical e popular que tomou conta de Brasilia desde o final da manhã.
Seu esforço é marcar o protesto como bagunça e vandalismo, em manobra para ocultar sua dimensão e propósito.
O que assistimos foram mais de 100 mil trabalhadores de todos os cantos do país marchando para a capital com o intuito de lutar, organizada e pacificamente, contra o governo Temer, as reformas da previdência e trabalhista, por diretas já.
As forças repressivas desde ontem preparavam uma emboscada contra o direito de manifestação dos trabalhadores, armando provocações e se preparando para reprimir o ato como cães selvagens.
Um pequeno grupo de mascarados, infiltrado na marcha, foi escalado ou estimulado para servir de pretexto às cenas de repressão inconstitucional promovidas pela PM do DF e a Força Nacional.
Se não fosse esse o pretexto, outro seria.
O governo estava decidido a reprimir os trabalhadores e demonstrar que ainda controla o monopólio estatal da violência.
Não foi à toa que, rapidamente, depois de suposto pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, logo desmentido pelo próprio parlamentar, Temer promulgou decreto que permite a convocação das Forças Armadas para enfrentar o povo em luta, pela primeira vez desde a redemocratização.
Seria insensatez se homens e mulheres de esquerda, caindo no jogo do governo usurpador e da mídia conservadora, aceitassem discutir a versão de vandalismo e violência que se vende ao país, transformando os black blocs no assunto do dia.
Hoje foi uma data histórica.
Antes de mais nada, porque os trabalhadores ocuparam a capital da república e fizeram ouvir sua voz.
Mas também porque o governo e seus aliados revelam, de uma vez por todas, seu caráter antidemocrático e golpista, ao jogar tropas policiais contra manifestantes, além de acenar com a convocação do Exército.
No mais, não tenhamos ilusões. Como em todo processo golpista, o povo irá lutar e o os usurpadores irão reprimir. Teremos choques, conflitos e tensões gravíssimas.
Onde está escrito, afinal, que resistir à usurpação seria tranquilo como um passeio no parque?
Edição: Opera Mundi