Vinte e oito mulheres já morreram em situações relacionadas à gravidez e ao parto na cidade do Rio de Janeiro este ano. O número levanta a razão de mortalidade materna do município de 74,7 em 2016 para 98,6 óbitos a cada cem mil nascidos vivos.
Com isso, se torna bastante superior ao índice nacional, 60, e quase três vezes maior que a meta da ONU, que é de 35 óbitos a cada cem mil nascidos vivos.
Os dados foram apresentados pela superintendente de Hospitais Pediátricos e Maternidade da Secretaria Municipal de Saúde, Carla Brasil, nesta segunda-feira (29), em uma audiência pública na Câmara Municipal.
Ela ressalta que o número poderia ser maior caso as 374 mulheres que tiveram a vida salva após serem levadas para o CTI em 2016 e 2017 não tivessem recebido a devida assistência.
"Pode parecer banal, mas uma mulher gestante que entrasse em uma emergência não era encarada tal qual um situação de extrema urgência. E a gente conseguiu colocar grande parte, usando sulfato de magnésio, como a medicação que se usa para doença hipertensiva de gravidez, eclampsia; outras mulheres que tinham outras comorbidades, como policistite; que foram transfundidas adequadamente, que precisavam de assistência ventilatória, que foram histerectomizadas em um prazo ideal para que salvasse a vida delas..."
Ela lembra que os recortes apontam o perfil das mulheres mais vulneráveis, já que a proporção de óbitos em 2016 foi mais de três vezes maior entre mulheres negras em comparação com as mulheres brancas e entre as mulheres que tem apenas ensino fundamental frente aquelas têm ensino superior.
A razão de mortalidade materna também foi maior no ano passado entre mulheres solteiras, separadas ou viúvas e chegou a 141 na região de Santa Cruz, na zona oeste da cidade.
Quanto às 28 mortes ocorridas até o dia 19 de maio desta ano, a maior parte delas foi causada por complicações obstétricas indiretas, quando a mulher já possui alguma doença antes de engravidar.
No entanto, cinco mulheres morreram em decorrência de hipertensão, quatro por infecção e outras quatro após passarem por procedimento abortivo.
Edição: Radioagência Nacional