É utilizada como acompanhamento em estilos como a Catira, Fandango e nas festas da Folia de Reis
A viola de dez cordas, também chamada caipira, é uma descendente direta das violas portuguesas. Trazidas ainda no período colonial, passaram a ser construídas pelos próprios caboclos se popularizando pelo interior do país e se transformando em um instrumento tipicamente brasileiro, símbolo da música caipira.
Utilizadas como acompanhamento em estilos como a Catira e o Fandango e nas festas da Folia de Reis é na moda de viola que o instrumento tem maior destaque na música folclórica do Brasil.
As modas normalmente são compostas por duas vozes acompanhadas pela viola caipira. As letras são cantadas em forma de récita, ou seja, quase faladas. Há diferenças regionais: enquanto no sudeste e centro-oeste costumam ser decoradas, no nordeste são feitas de improviso.
Tradicionalmente, tratam da vida e o ambiente sertanejos, apresentam ditados populares ou narram histórias envolvendo amor e morte. Um dos mais belos exemplos é a canção Morte do Carreiro, de Zé Carreiro e Carreirinho:
“Isto foi no mês de outubro regulava o meio dia
O sol parecia brasa queimava que até feria
Foi um dia muito triste só cigarra que se ouvia
O triste cantar dos pássaros naquelas matas sombrias”.
O uso da viola, com o passar dos anos, tem ultrapassado a música caipira. Até mesmo o perfil dos tocadores de viola tem se modificado. É o que conta o cantor mineiro Pereira da Viola.
“O movimento é diversificado, é um movimento que não tem um segmento único, não tem uma só classe social, são várias, várias gerações, o protagonismo feminino está presente hoje no movimento da viola. Aí você pega do ponto de vista do estilo musical você tem uma variedade imensa de estilos tocados na viola. Claro que sem perder de vista o principal que é a música caipira, ou até mesmo antes da música caipira a cultura caipira, entendendo a música caipira com uma parte do processo”.
Este ano, pesquisadores e músicos enviaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, um projeto para que a viola seja reconhecida como patrimônio imaterial do Brasil. Como já disse, Tião Carreiro: “Quem não gosta de viola, brasileiro bom não é.”
(Sonoplastia: André Paroche)
Edição: Anelize Moreira