Direto dos porões da ditadura, um livro escrito por presos políticos será lançado essa semana no Rio de Janeiro, 40 anos depois de ter as primeiras linhas grafadas.
A curiosa história da obra "A Repressão Militar-Policial no Brasil, o livro chamado João", da Editora Expressão Popular, não é menos interessante que seu conteúdo, que traz relatos e estudos sobre a violência do Estado brasileiro contra trabalhadores e militantes das lutas populares.
Escrito em meados dos anos 1970, de dentro da Casa de Detenção de São Paulo, o livro reúne informações sobre a repressão militar e policial desde a época do Brasil colônia até a ditadura militar, com ênfase na “selvageria dos anos 1960 e 1970”, conforme destaca o jornalista e escritor Bernardo Kucinski, que assina o prefácio.
Depois de pronto, o livro foi retirado de forma clandestina dos porões da ditadura e levado para fora do país, onde ganhou uma primeira impressão artesanal, na França, em 1975. O objetivo era denunciar os anos de chumbo e a violência dos governos militares no Brasil.
Nessa terça-feira (20), às 18h, o público poderá conferir o lançamento do livro na Faculdade Nacional de Direto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na rua Moncorvo Filho, 8, Centro, 3º andar, Auditório Valadão.
Na ocasião será realizado um debate sobre "A luta pela democracia no Brasil: passado e presente", que terá a participação de Aton Fon Filho e Manoel Cyrillo, dois dos nove autores do livro, além de outros debatedores de movimentos populares.
Na quarta-feira (21) o livro será lançado também em Niterói, no auditório Florestan Fernandes da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Gragoatá, bloco D.
O evento é organizado pelo Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Editora e Livraria Expressão Popular.
Edição: Vivian Virissimo