Moradores do bairro Cafezal, na zona Sul de Londrina, saíram às ruas para protestar pela morte de Gabriel Sartori, de 17 anos, assassinado por um policial militar à paisana na última quinta-feira (15). Amigos do jovem e a mãe do adolescente também participaram da mobilização. Velas acesas e cartazes colados no muro do colégio em frente onde Gabriel foi morto repudiaram a violência policial no estado. Um dos participantes do ato, que não quis se identificar, conta o sentimento de tristeza e de revolta que acompanhou o choro dos presentes. "O clima de injustiça ainda impera no ar", relata.
O manifestante também fala que, no mesmo dia em que o jovem foi morto, a comunidade do bairro foi às ruas se manifestar, mas foi impedida pela PM. "É vergonhoso o papel desempenhado pelas autoridades policiais que reprimiram a revolta popular no dia em que o menino foi morto, e o papel da mídia, que apresentou os fatos como um evento isolado e como um mero 'acidente'".
Gabriel foi morto quando estava sentando em frente ao colégio estadual Maria José Aguilera, no bairro Cafezal - onde morava. O policial militar, que mora nas proximidades e estava de folga no momento, disse que o disparo foi acidental. Testemunhas relatam que o jovem estava discutindo com o PM, quando o homem atirou no adolescente. Gabriel morreu no local.
Violência policial
Recentemente, outro caso de violência policial chocou Londrina. Em abril, quatro pessoas da mesma família também foram baleadas por um Guarda Municipal na cidade.
Em Itambaracá, no norte do estado, um vendedor autônomo também foi morto por um policial militar, no dia 28 de maio. David Vinicius Carrascal, de 22 anos, foi assassinado durante uma blitz. A corporação alega que o jovem teria desobedecido uma ordem de parada, mas familiares apontam controvérsia nos depoimentos.
Em 2016, a relatoria especial do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou a impunidade nos crimes cometidos por policiais e agentes de segurança pública no Brasil. Dados avaliados pelo órgão apontaram que, em 2013, seis pessoas morriam por dia em operações policiais no país - a maior parte por uso excessivo da força. Das 220 operações realizadas, somente uma teve a condenação do réu.
Edição: Franciele Petry Schramm