Dois policiais militares foram condenados por corrupção ativa de testemunha no Caso Amarildo de Souza, morador da Rocinha que desapareceu em 14 de julho de 2013, quando foi levado por policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da maior favela do país, localizada na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
O major Edson Raimundo dos Santos, que à época era comandante da UPP Rocinha, e o soldado Newland de Oliveira e Silva Junior, foram condenados a quatro anos de reclusão, em regime aberto, por terem dificultado as investigações do caso.
Outros dois PMs julgados ontem foram absolvidos: Bruno Medeiros Athanassio foi considerado inocente e o tenente Luiz Felipe Medeiros teve sua absolvição pedida por meio do MP por falta de provas que o ligassem ao caso.
De acordo com as investigações, tanto o major Edson Santos quanto o soldado Newland de Oliveira ofereceram vantagens a uma moradora da Rocinha e a seu filho, condenado por roubo e ato violento ao pudor, para que em depoimento acusassem o traficante Thiago da Silva Neris, conhecido como “Catatau”, pela morte do Amarildo. Segundo o MP, uma das testemunhas chegou, inclusive, a receber fraldas como propina.
Segundo a promotora de Justiça do MPRJ Carmen Eliza Bastos, as condenações pelos crimes militares reafirmaram o acerto das investigações. “Essas condenações expressam que nenhuma conduta ilícita será tolerada pela Polícia Militar, independentemente de quem a pratique, resguardando, assim, o dever de proteção da sociedade”, afirma. “As escutas, devidamente autorizadas pela Justiça, comprovam que o depoimento de Lúcia Helena foi fruto de oferecimento de vantagem por parte dos policiais”, completa.
Em fevereiro do ano passado, o major Edson recebeu 13 anos e 7 meses de pena de reclusão e Luiz Felipe de Medeiros, absolvido nesta quinta-feira, recebeu pena de 10 anos e 7 meses, pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação do cadáver de Amarildo, além de fraude processual.
Edição: Ponte