Paraná

Beto Richa é recebido com protestos em reinauguração de teatro, em Londrina (PR)

Cerca de 700 policiais militares, com Cavalaria e Tropa e Choque, impediram que manifestantes se aproximasse do local

Brasil de Fato | Londrina (PR) |
“Tudo isso para evitar que a população prestigie e se aproprie do seu teatro”, disse Kennedy Piau Ferreira, professor da UEL
“Tudo isso para evitar que a população prestigie e se aproprie do seu teatro”, disse Kennedy Piau Ferreira, professor da UEL - Luiza Braga

A presença do governador Beto Richa (PSDB) na reinauguração do Teatro Ouro Verde, em Londrina (PR), foi marcada por protestos na noite desta sexta-feira (30). Um efetivo de 700 policiais militares, com Cavalaria e Tropa e Choque, cercava o local.

Enquanto no interior do teatro a cerimônia ocorria a portas fechadas e para poucos participantes convidados, no lado de fora manifestantes protestavam com faixas, cartazes e palavras de ordem. Quando Beto Richa chegou ao local, uma saraivada de rojões e fogos de artifício foi disparada na tentativa de abafar o som das manifestações.

O cordão de policiais e grades de ferro impediu a aproximação de pessoas não convidadas para a reinauguração de uma das principais casas de espetáculo da cidade, fechada após um incêndio ocorrido em 2012.

“Esse ato tem o objetivo de demonstrar a nossa indignação com a inauguração oficial do Ouro Verde, que é um patrimônio do estado do Paraná e do município, e devia ser para a cidade, para os artistas e os frequentadores do teatro, que ficaram para fora”, comentou Kennedy Piau Ferreira, professor do departamento de Artes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e membro do Conselho Municipal de Cultura de Londrina.

Para o professor, o forte aparato policial é um absurdo: “Tudo isso para evitar que a população prestigie e se aproprie do seu teatro”, lamentou. Parte dos trabalhadores do quadro de funcionários do próprio Ouro Verde não foi convidada para a cerimônia.

Rafael Fuca, professor, músico e criador do evento que organizou o ato, acredita que o protesto “colocou uma pedrinha no sapato de Richa, porque durante a inauguração os gritos de ordem incomodaram e mostraram um pouco do que ele tem realmente feito no Paraná”.

A reportagem buscou contato com a presidenta do Conselho de Cultura, Solange Gaya, que não quis se declarar. Para ela, a presidência do Conselho não deve assumir posição política sobre o caráter do evento e disse ter comparecido à cerimônia no Ouro Verde de forma neutra.

Os manifestantes também criticam o impasse em relação à obrigatoriedade de implantação do sistema Meta 4 na UEL, que coloca em risco a autonomia financeira da universidade.

 

Edição: Ednubia Ghisi