Cerca de 70 pessoas percorreram seis municípios baianos entre os dias 26 e 30 de junho
“Eu sou da comunidade de Areia Grande e a gente vem sofrendo esse conflito desde a década de 80. Na verdade ele se iniciou quando chegou a construção da barragem de Sobradinho. E de lá pra cá a comunidade de Areia Grande não teve mais sossego, mas ultimamente de 2008 para cá ele acirrou com mais frequência e a gente teve muitos prejuízos, tanto econômicos, quanto psicológico nas famílias.”
Foram relatos como o de Valério Rocha, que falou sobre a situação da comunidade de Fundo de Pasto de Areia Grande, no município de Casa Nova, que fizeram parte da Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano.
A ação ocorreu entre os dias 26 e 30 de junho e contou com cerca de 70 pessoas de movimentos populares, organizações não governamentais, universidades, centros de pesquisas e órgãos públicos.
O objetivo era refletir sobre os modelos de desenvolvimento e sistemas agroalimentares a partir dos caminhos das águas do Rio São Francisco, percorrendo seis municípios do estado.
Desde 2014 as caravanas vêm sendo realizada como metodologia importante para conhecer os territórios onde se desenvolve a agroecologia, anunciando as experiências e denunciando as violações sofrida pelos povos da região.
Cheila Bedor, professora da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) e integrante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), explica que a proposta.
“Essa caravana tem um olhar interdisciplinar. Ela tem esse diferencial porque você tem vários olhares, de várias áreas, inclusive da saúde, para olhar pro territórios, então foi uma construção longa, de quase um ano para identificar os territórios, para conversar com a comunidade, pra a gente se conhecer um pouco antes."
A Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano foi organizada em duas rotas com a ideia de permitir vivências de diferentes realidades e contrastes da região.
Uschi Silva, da Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia, uma das realizadoras da caravana, diz que o objetivo é conhecer a realidade do território.
“E esse olhar para o território é importante porque traz tanto as resistências que a gente percebe como os grandes empreendimentos que estão impactando a agricultura familiar, a pesca, como a gente tem visto aqui a pesca artesanal”.
Comunidades tradicionais, como quilombolas, pescadores e de fundos de pasto também estão incluídas nas rotas dos caravaneiros.
Como resultado, a Caravana do Semiárido Baiano quer reforçar as denúncias de violações de direitos e contribuir para a atuação do Ministério Público no estado, além de pressionar por políticas públicas e sociais, fortalecer a luta de comunidades tradicionais e divulgar experiências agroecológicas e de convivência com o semiárido.
Edição: Camila Maciel