Igual formiga. Essa é a analogia que encontro para definir a utilização das fahrt por Viena, capital da Áustria. As bicicletas brilham pelas ruas, entre os carros e os bondes, modernamente conhecido como monotrilhos. Tem espaço próprio como os pedestres para rasgar toda a cidade. Além do que há quase sempre um cantinho reservado para elas nos ônibus, trens e metrôs.
No começo, acreditava que as rotas de bike eram mais intensas apenas pelo centro da cidade que abrigou Freud, mas também Stalin, que foi morada de gênios como Beethoven e Mozart, mas também teve entre suas fileiras o jovem e Adolph Hitler, mero faz tudo em um hotel no centro da cidade. Contudo, o tour pelas strasses revelam que assim como os carros, as bicicletas têm muitos caminhos para si, transitando por bairros, próximo a arquitetura imperial e costumes diferentes em uma cidade de todas cores e idiomas.
Não à toa, é possível ver gente vestida de todas as maneiras em cima das magrelas. Se vê desde quem treina com as roupas coladas, até estudantes, trabalhadores e executivos. Duas cenas em especial me chamaram a atenção. Um judeu atravessando a esquina, provavelmente em direção à "Biblioteca sem nome", que destaca os milhares mortos em diversos períodos, especialmente na II Guera Mundial. Ele equilibrava seu quipá enquanto pedalava suavemente usando sua calça social preta e camisa branca. Noutra cena, no final da tarde de verão, lá pelas oito da noite, a jovem moça loira estacionava sua bicicleta de modelo antigo, tipo uma Caloi Ceci, em um dos milhares estacionamentos públicos. Magrela protegida, ela atravessa a rua em um vestido branco com frisas, ajustado em sua leveza por uma cinta preta. A ninfa caminha se equilibrando em saltos pretos nas calçadas regulares que a levavam a um concerto de jazz.
Em São Paulo, o prefeito João Dória tem apagado as ciclovias e ciclofaixas implementadas na gestão de Fernando Haddad. É só mais uma das ações do governo que tenta marginalizar um veículo de transporte tão ágil e seguro na medida em que a sociedade entenda seu papel e aprenda a conviver com ele.
Aliás, em Viena, pedalar é levado muito a sério. Você pode estar sobre duas rodas fazendo o city tour. Só que isso é apenas mais um elemento de uma cidade que quer introduzir o ensinamento do pedal já nas escolas. A ideia é, além de se locomover, dar noções básicas de manutenção da queridinha da cidade. A Agência de Mobilidade e o Radlobby pretendem descomplicar para as crianças o Ciclismo Cidade. De acordo com as empresas, apenas cerca de 20 por cento das crianças do ensino fundamental fazem a inspeção das rodas voluntárias.
Em Curitiba, recentemente, um ciclista foi atropelado e morto. O episódio gerou o pedido de um minuto de silêncio na Câmara Municipal pelo vereador Goura. A homenagem foi ignorada por boa parte dos demais vereadores que deixaram a sessão, mostrando insensibilidade tanto com a morte como falta de visão de futuro.
É um cenário bem distante do que tem ocorrido no Brasil em capitais chamadas cosmopolitas. Em São Paulo, o prefeito João Dória tem apagado as ciclovias e ciclofaixas implementadas na gestão de Fernando Haddad. É só mais uma das ações do governo que tenta marginalizar um veículo de transporte tão ágil e seguro na medida em que a sociedade entenda seu papel e aprenda a conviver com ele. Já em Curitiba, recentemente, um ciclista foi atropelado e morto. O episódio gerou o pedido de um minuto de silêncio na Câmara Municipal pelo vereador Goura. A homenagem foi ignorada por boa parte dos demais vereadores que deixaram a sessão, mostrando insensibilidade tanto com a morte como falta de visão de futuro.
Voltando a Viena, a bike, tão enaltecida nesta crônica, é mais um entre as diversas formas de locomoção. Os vienienses andam muito de metrô, de ônibus, de monotrilho, de barco, a pé, de skate e também de carro. A cidade, berço de guerras que sempre atravessam suas ruas e pontes do Danúbio Azul, com infantarias e tanques, parece fazer das suas vias e esquinas sempre uma valsa bem executada em que a possibilidade de ir e vir soa como instrumentos bem afinados. Ah, em tempo, que cidade silenciosa.
Edição: Ednubia Ghisi