Representatividade

Com equipe só de mulheres, documentário retrata cena punk feminista dos anos 90

“Faça Você Mesma” busca trazer as histórias e desdobramentos do movimento e está em campanha no Catarse

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Brunella Martina (segunda câmera), Letícia Marques (diretora) e Pryka Almeida (entrevistada)
Brunella Martina (segunda câmera), Letícia Marques (diretora) e Pryka Almeida (entrevistada) - Divulgação

A história do movimento punk feminista no Brasil dos anos 90 será contada em documentário produzido somente por mulheres. O projeto, que no momento conta com financiamento coletivo no Catarse, se chama “Faça Você Mesma” e tem direção de Letícia Marques e produção de Patricia Saltara.

Riot Grrrl é o nome do movimento na época e surgiu quando garotas da cena punk underground começaram a formar bandas só de mulheres. O projeto do filme trás representatividade tanto na produção, com uma equipe formada somente pelo sexo feminino, quanto no conteúdo, que trata deste momento praticamente não lembrado da cena musical do rock no Brasil.  A equipe também vivenciou a cena punk feminista: continuam tocando em bandas até hoje.

Letícia conta para o Brasil de Fato como surgiu a ideia do longa: “A Patricia Saltara, que faz o documentário comigo, me chamou e falou 'cadê a Letícia pra fazer o filme sobre a cena?'. E isso vinha das conversas de que não tava tendo representatividade feminina nos documentários da cena brasileira musical”.

O nome Riot Grrl tem origem no inglês e faz referência à rebeldia. Em uma cena musical dominada por homens, o movimento abordava temas feministas, fazendo com que o público fosse em sua maioria composto por mulheres, que viam nos encontros uma forma de se fortalecerem. A quantidade de bandas que surgiram nos anos 90 foi grande, podendo se citar nomes como Dominatrix, TPM, Lamina, Kolica, Kaos Klitoriano, Anti-Corpos, entre outras. 

O intuito do projeto, segundo Letícia, é resgatar as histórias das protagonistas do movimento, seus desdobramentos o o que ele significou na vida destas mulheres: “A intenção é que ele possa trazer essa identificação pra outras mulheres e pra outras pessoas. Lá no início do projeto, eu bati na tecla de dar esse reconhecimento a essa historia. Esse é um registro inédito de fato, essa história nunca foi contada, como muitas histórias das mulheres nunca foram contadas e não estão escritas na historia.” 

Ainda em fase de produção, o documentário “Faça Você Mesma” está com campanha de financiamento coletivo no Catarse, para dar continuidade às entrevistas, cobrir despesas e finalizar as gravações. “A gente tá num momento que tem que ter cada vez mais diversidade pra gente ter sociedades mais justas, tolerantes e igualitárias”.

Edição: Rafael Tatemoto | Camila Salmazio