Senadores negociam a retomada da sessão plenária do Senado que vai votar a reforma trabalhista, prevista para esta terça-feira (11). Em meio aos protestos de sindicalistas e senadores da oposição, a votação foi suspensa no início da tarde.
De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), a oposição já conseguiu acordar a entrada de representantes do povo nas galerias da Casa para acompanhar a votação em troca da continuidade da sessão. Os parlamentarem também tentam chegar a um consenso com relação aos destaques, que são as alterações votadas após a aprovação do texto-base.
"Dialogamos com o presidente Eunício e levamos essa posição no sentido de que houvesse algum acordo não só de procedimento, mas também de mérito com relação aos destaques, numa visão de que o Senado não pode só homologar aquilo que vem da Câmara dos Deputados. Até o momento não houve acordo".
Trabalhadores e trabalhadoras de todo o país têm se mobilizado ao longo desta terça contra a aprovação do projeto. Além de entidades sindicais, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo se somaram aos protestos, marcados por vigílias e manifestações de rua em diversas cidades do país.
A principal reivindicação dos opositores da reforma é o veto ao artigo que permite o trabalho de mulheres grávidas e lactantes em ambientes insalubres. Caso a base aliada aceite o veto, o texto terá que retornar à Câmara dos Deputados, ideia que desagrada o Planalto, interessado na aprovação urgente da matéria.
Paim informou à imprensa que irá propor ainda hoje uma reunião do colegiado de líderes, com o objetivo de tentar um avanço na negociação. "Nós voltaremos a falar com o presidente e a nossa intenção é chamar uma reunião do colégio de líderes, liderada pelo presidente da Casa, para ver se é possível construir acordo em alguns destaques".
A discussão sobre a Reforma Trabalhista começou pela manhã, mas foi interrompida no início da tarde, após protesto das senadoras oposicionistas Vanessa Grazziotin, (PCdoB-AM), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lídice da Mata (PSB-BA).
Elas sentaram-se à mesa do plenário e impediram que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ocupasse a cadeira da liderança.
Em resposta ao protesto, Oliveira apagou as luzes do plenário, cortou o som dos microfones e deixou a sessão.
Diante da importância da matéria, Gleise defendeu a liberdade dos senadores votarem sem pressão da conjuntura política e pediu a abertura das galerias para que a população acompanhe a votação. "Para nós é importante que o povo entre na galeria, que todos os senadores possam falar, mas sobretudo que os senadores possam votar de acordo com a sua consciência. Nós não queremos o líder do governo dizendo que não é para senador votar a favor de uma emenda que ele concorde porque depois vai ser mudado, nós não temos garantia nenhuma de que vai ser mudado".
Sindicalistas e movimentos populares conseguiram acessar o plenário da Casa e reivindicaram o direito de participarem da sessão.
Para Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a postura do presidente Eunício Oliveira de impedir a entrada das entidades é antidemocrática. "Eu quero que a sociedade registre que é por conta do senhor Eunício de Oliveira, em uma medida ditatorial, fechou a Casa do povo impedindo, inclusive, que um presidente de uma central que representa 25 milhões de pessoas possa entrar para tentar negociar."
Mais cedo a presidenta do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmen Lúcia, negou o mandado de segurança do senador Paulo Paim, que pedia a suspensão da reforma Trabalhista.
Se aprovada, a Reforma Trabalhista segue para a sanção do presidente golpista, Michel Temer.
(*) com informações de Cristiane Sampaio, de Brasília.
Edição: Vanessa Martina Silva | Camila Salmazio