Atualizada às 14h27, para acréscimo de informação
“Não vamos permitir que ele privatize toda a cidade. Estamos aqui para dizer que São Paulo não está à venda”. Desta forma, a estudante Nataly Santiago explicou a ação do Levante Popular da Juventude, que realizou um escracho na frente da casa do prefeito de São Paulo, João Doria, na manhã deste sábado (15).
Um manifestante foi detido, acusado de ter pichado o muro da residência de Doria. No início da tarde, ele foi liberado, após assinar um termo circunstanciado e responderá ao processo em liberdade.
O movimento popular protesta contra o anúncio feito pela gestão Doria de redução do bilhete estudantil. Atualmente, os estudantes têm direito a oito viagens gratuitas a cada 24 horas. A partir de agosto, terão direito ao mesmo número de viagens, mas devem realizar quatro viagens no período máximo de duas horas, duas vezes ao dia.
Outra medida contestada pelos jovens é a privatização de diversas áreas públicas da cidade. Doria criou, inclusive uma secretaria de desestatização para garantir a venda de áreas como o Parque do Ibirapuera, o Cemitério da Consolação, entre outras.
Santiago explica que os estudantes questionam tais medidas e pedem que “seja realizada uma consulta pública para que as pessoas possam opinar. Também temos que nos questionar: por que o prefeito tem tanta pressa? Quem vai lucrar com essas medidas”.
Repressão
A mobilização teve início no começo da manhã e foi marcada pelo clima festivo característico das ações do movimento. Em ritmo de funk, os jovens cantavam: “O Levante escracha, o Doria recua. Nossa que delícia esse escracho na sua rua”.
Após o protesto pacífico, no entanto, foi interrompido pela ação de policiais da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que acuou os manifestantes e prendeu um dos jovens. Veja o momento da repressão:
O jovem — cujo nome não foi divulgado — foi conduzido para o 14º Distrito Policial (DP) e foi liberado após assinar o termo circunstanciado.
Segundo a delegada do 14 DP da Polícia Civil, Barbara Pascoalino, ele será indiciado por pichação, na Lei de Crime Ambiental. A pena prevê até dois anos de detenção.
Ainda segundo a delegada, o jovem foi identificado por policiais da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Os policiais alegaram, no momento da prisão, que o jovem havia sido gravado pelas câmeras de vigilância da residência do prefeito.
Ao sair do carro da polícia, no entanto, o manifestante disse não ser o autor da pichação.
Nataly Santiago, porta voz do movimento Levante Popular da Juventude, afirmou que a ação "truculenta e arbitrária" foi "coordenada pela Secretaria de Segurança que demonstra como funciona a gestão Doria. Para desviar a atenção das denúncias que fizemos hoje, ele criminaliza nossa ação, assim como faz com povo, com os movimentos. Um prefeito que troca nossos direitos por marketing", disse.
Edição: Vanessa Martina Silva