Janderson Dias vive no Morro Cerro Corá, favela próxima ao Cristo Redentor, no bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele nunca havia pensado na possibilidade de estudar em uma universidade pública, até cursar o pré vestibular popular de iniciativa de moradores e movimentos populares, como o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Hoje, ele cursa história em uma das melhores faculdades do país.
O cursinho Cerro Corá, onde Dias estudou, fica próximo à sua casa, e compõe a Rede de Cursinhos Populares "Podemos + ". A iniciativa permitiu que ele fosse um dos três alunos do projeto a ingressar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
“Ano passado eu era, ao mesmo tempo, da coordenação do curso e aluno. Esse ano, eu entrei na universidade e hoje contribuo na secretaria e na ciranda do pré-vestibular.”, comenta Dias.
Ampliação
A “Rede Podemos +”, lançada na última semana em São Paulo, já conta com mais de 20 cursinhos populares em várias regiões do Brasil. De acordo com o Levante Popular da Juventude, movimento social que atua na organização de jovens em seus territórios, o objetivo é reunir mais de 35 cursinhos populares até o final do ano.
Iniciativas em todo Brasil, como nos estados do Pará, do Espírito Santo, em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amapá, entre outros já vêm sendo construídas, segundo a militante do Levante Popular da Juventude, Fernanda Targa:
"É um objetivo central para o Levante a construção de novos cursinhos populares, que tenham esse caráter com estrutura político-pedagógica, que contemple o processo de democratização do Ensino Superior através da educação popular", ressalta Targa.
A professora Lizete Regina Gomes Arelaro, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou, durante o evento de lançamento da rede, a importância de uma educação que se oponha à mercantilização do ensino e mencionou a fusão da Kroton Educacional — maior empresa privada brasileira no ramo da educação no Brasil — com a faculdade Estácio de Sá: “Eles representam 1,8 milhão de alunos, serão 800 escolas de nível médio e 800 de ensino superior. Eles têm um só interesse, subir as ações no mercado. Este é o exemplo de educação mercantilizada", conclui.
Edição: Vanessa Martina da Silva