Movimentos Populares

Camponeses de 70 países se reúnem para debater soberania alimentar

O país Basco é sede da 7ª Conferência Internacional da Via Campesina, o maior movimento camponês do mundo

Brasil de Fato | SP |
A atividade reúne cerca de 450 movimentos camponeses de diversas partes do mundo
A atividade reúne cerca de 450 movimentos camponeses de diversas partes do mundo - La Via Campesina

Cerca de 450 movimentos camponeses de diversas partes do mundo estão reunidos em Derio, no País Basco, Província Autônoma no norte da Espanha, para participar da 7ª Conferência Internacional da Via Campesina. O evento, organizado pelo maior movimento camponês do mundo, começou nesta quarta-feira (19) e vai até o dia 24 de julho. 

O objetivo da atividade é continuar a luta contra o capitalismo e formular medidas concretas para edificar uma realidade alternativa pautada na soberania alimentar. A conferência ocorre a cada quatro anos e é o espaço mais importante na tomada nas deliberações da Via Campesina.

A Via Campesina é um movimento popular que tem crescido nos últimos anos. "Atualmente temos aproximadamente 200 organizações. Somos um modelo político internacional", afirma Unai Aranguren, membro europeu do Comitê de Coordenação Internacional da Via Campesina.

Elizabeth Mpofu, camponesa do Zimbábue e Coordenadora Geral da Via Campesina afirma que o movimento é diverso, mas consolida uma unidade nas lutas. A Coordenadora afirma ainda que a Conferência representa um passo em direção à internacionalização da lutas do movimento e é uma forma de resistência. "Somos aqueles que trabalham na terra e que alimentam o mundo, mas nossos territórios estão sob ataques constantemente. Enfrentamos uma criminalização crescente", completou.

Programação

A intensa programação de quatro dias, conta com debates sobre diversos temas, entre eles, soberania alimentar, agroecologia camponesa, redes de formação independentes, direitos dos imigrantes, comércio, justiça climática, criminalização dos movimentos sociais e criação de alianças. Um outro assunto a ser abordado será o esboço da Declaração da ONU sobre o direito dos camponeses e outros trabalhadores rurais, idealizada pela Via Campesina. O documento garantiu que a negociação avançasse no Conselho de Direitos Humanos da ONU. 

O evento tem como objetivo definir as novas estratégias de ação, as pautas da luta nos próximos quatro anos e as novas lideranças.

No domingo, dia 23, será realizada uma marcha com os camponeses locais em Bilbao em solidariedade às lutas em defesa das suas terras e de seus territórios e contra os megaprojetos. A marcha foi uma organização da Via Campesina, em conjunto com a EHNE BIskaia (a organização anfitriã do evento e membro do movimento global no País Basco) e as organizações aliadas.

Na segunda (24), serão organizadas visitas aos campos de plantação, em que estarão presentes todos os participantes da conferência. Mais visitas aos campos do país acontecerão entre os dias 26 e 28 de julho, desta vez com alguns representantes das nove regiões da Via Campesina.

Eventos preparatórios

A 7ª Conferência Internacional foi antecedida pela 4ª Assembleia Internacional de Jovens, que aconteceu entre os dias 16 e 17 de julho, e pela 5ª Assembleia Internacional de Mulheres, nos dias 17 e 18 de julho, espaços em que os jovens e as mulheres camponesas do movimento socializaram seus desafios e suas propostas nesta luta.

A assembleia de jovens trouxe para o debate uma reflexão sobre como eles são os mais afetados pela migração. No espaço, também foi discutida a necessidade de os movimentos sociais dialogarem com os jovens camponeses na promoção da reforma agrária, que garantirá o acesso e o controle sobre a terra e o território, além da ampliação da formação sobre as práticas agroecológicas camponesas, que atualmente são urgentes. Além disso, o coletivo de jovens também declarou solidariedade à "Marcha em defesa da soberania alimentar e da Mãe Terra", organizada pelo Movimento para a Terra do País Basco.

A Assembleia de Mulheres teve como debate central os crescentes casos de violência que as mulheres têm sofrido em suas casas, nos territórios e de modo geral na sociedade patriarcal.

Reunidas, as mulheres se comprometeram a continuar a luta para criar um movimento que alie o feminismo e a soberania alimentar.

Edição: Vanessa Martina Silva