O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira (20) a relação entre instituições judiciárias e a imprensa tradicional no Brasil. Para o ex-presidente, a mídia tem exercido um forte papel na condenação pública dos investigados antes mesmo dos processos judiciais serem finalizados.
"A Lava Jato criou uma estratégia de comunicação", sintetizou. A fala de Lula ocorreu durante sua participação no programa Na Sala do Zé, do jornalista José Trajano. Juca Kfouri e Antero Greco também participaram da entrevista do petista.
Apesar de ser alvo da mídia hegemônica e ocupar as principais capas de jornais e revistas diariamente, o ex-presidente se mostrou bastante confiante e reiterou sua inocência e a ausência de provas para todas as acusações que o envolvem. O ex-presidente afirmou estar acostumado a perseguições, já que tem sido alvo destes procedimentos desde os tempos de sindicalista: já em 1979 suas contas bancárias eram investigadas. "Nunca conseguiram provar nada contra mim porque sempre fui honesto. Fui educado por uma analfabeta. Tinha vontade de comer maçã, mas nunca roubei uma maçã para não envergonhar minha mãe", declarou.
Lula comentou ainda o impacto que a operação gerou na economia brasileira com a paralisação das atividades das empreiteiras. Segundo ele, ao confundir a atuação de indivíduos com as próprias empresas, a Lava Jato é responsável por destruir "uma parte da engenharia brasileira".
Corrida Presidencial
Sobre as eleições de 2018, Lula confirmou sua candidatura e afirmou que quer voltar a presidir o país para provar que é possível sair da crise. "O pobre é a solução. Se você dá 10 reais para o pobre, isso vira consumo".
Quando questionado sobre a possibilidade de ter como adversário o atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), Lula afirmou que até agora "ele não tem nada": "João Doria é um João Trabalhador que não trabalha", completou. Quanto ao atual governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-presidente o considera um adversário com maior capital político. Sobre o desempenho de Jair Bolsonaro (PSC) nas urnas, o petista se mostrou pouco preocupado. "Eu acho que as pessoas terão vergonha de votar por ele ser tão reacionário", previu.
O ex-presidente foi indagado em relação a nomes alternativos do Partido dos Trabalhadores caso ele seja impedido de participar da disputa eleitoral. Ele afirmou que Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, poderia ser um candidato "caso percorra o Brasil", bem como alguns nomes de governadores da legenda. Lula não citou nomes, mas a agremiação possui, atualmente, cinco comandantes de unidades federativas: Rui Costa na Bahia; Camilo Santana no Ceará; Fernando Pimentel de Minas Gerais; Tião Viana no Acre e Wellington Dias no Piauí. "Um governador de um estado importante tem um cacife para ser candidato", finalizou.
Edição: Rafael Tatemoto