"Se somamos as 4.394 pessoas que vivem debaixo da ponte, nos hospitais, nos bancos das praças, aquelas que estão nos albergues e nos abrigos noturnos, o número [de pessoas que vivem em situação de rua no país] chega a seis mil, ao contrário do número que apresenta o governo, de 1.066 pessoas, número obtido a partir de dados de um censo realizado em três horas, em um dia chuva", disse o dirigente político argentino Rafael Klejzer aos meios de comunicação locais nesta quinta-feira.
Klejzer, que participou, junto com outras organizações, do Primeiro Censo Popular de Pessoas em Situação de Rua na Argentina, sustentou que se realmente houvessem mil pessoas na rua, como anunciou o governo, o problema seria resolvido em 15 dias.
Ele também acrescentou que 73% das crianças que estão nas ruas são escolarizadas e que 5% das seis mil pessoas que vivem em situação de rua têm ajuda estatal, mas as outras 95% não têm nenhum tipo de ajuda ou subsídio. Rafael também advertiu que se a Igreja católica não se compromete com a discussão política sobre este assunto, se torna cúmplice do governo.
Do mesmo modo, o dirigente criticou os albergues que, segundo ele, são desastrosos, possuem um regime carcerário e separam as famílias e por isso muitas pessoas não veem estes abrigos como uma boa opção. Para ele, os albergues deveriam deixar de ser administrados pelo Estado e passarem a ser administrados pelas organizações que trabalham com o tema.
"Há uma diferença qualitativa. Se estes albergues estivessem nas mãos das organizações que trabalham com pessoas em situação de rua, em dois meses nós resolveríamos o problema", assegurou.
Edição: Vivian Neves Fernandes | Tradução: Luiza Mançano