Neste 30 de julho, quando venezuelanos de todo o país vão às urnas para eleger os assembleístas que vão redigir a nova Constituição do país, as atenções de todo o mundo estão voltadas para a Venezuela. Os acontecimentos que se sucederão durante e depois desse domingo histórico terão consequências diretas no futuro do país.
A reportagem do Brasil de Fato falou com protagonistas desse processo: os candidatos constituinte. Embora estejam ansiosos para esse que será seu Dia D, dois estudantes, sendo um deles uma mulher trans, e um líder de bairro falaram sobre suas propostas e esperança no futuro do país.
Carlos Viana é candidato do setor estudantil em Caracas e espera que tudo transcorra bem neste domingo. "Pode haver pequenos grupos que queiram sabotar as sessões eleitorais, mas vemos a população animada", disse.
Ele explica que visitou diversas universidades e espaços comunitários educativos com a finalidade de recolher propostas. "A principal é que a Assembleia Nacional discuta a educação venezuelana, que verifique a pertinência e a utilização dos recursos. Verifique se a educação vai ao encontro do aparato produtivo, das características do país. Não pode ser que o país tenha uma proposta de desenvolvimento e a universidade vá para o outro lado", analisa.
Viana também defende que os estudantes não devem abandonar, por nenhuma dificuldade, os estudos e que os níveis de pós-graduação também sejam gratuitos e oferecidos pelo Estado.
Já a candidata trans, Rigoberto Rommie Quintero, também do setor estudantil, espera que a eleição da Câmara Revisora demonstre ao mundo a autodeterminação do povo venezuelano: "Definitivamente, nós vamos combater com a arma mais poderosa que é o voto. Para defender a pátria, contra intenções imperialistas e ingerencistas".
Em suas propostas, Rigoberto defende os direitos das pessoas trans, como o combate ao preconceito de raça, gênero e orientação sexual, o uso do nome social e a participação política.
William Vallenilla, candidato do setor de Comunas, espécie de liderança de bairro, do Estado Vargas, disse que espera aprofundar a lei de transferências de verbas para organizações populares. "Sabemos que o processo constituinte é de todos, do povo. Uma de minhas propostas é aprofundar a Lei de Transferências, para dar mais poder aos conselhos comunitários", disse, referindo-se à lei venezuelana que regulamentou transferências diretas do Estado para Conselhos Comunais, uma espécie de associação de vários bairros que tem poderes de implantar políticas e receber aporte financeiro do Estado.
Em conversas com lideranças chavistas, a reportagem pode constatar esperança em levantamentos internos e, inclusive, de alta participação de pessoas que não estão contentes nem vota pelo chavismo, mas que veem na Constituinte um caminho para que os protestos e o conflito tenham um esfriamento.
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Edição: Vanessa Martina Silva