A memória viva da participação dos estudantes na luta política e social no Brasil é duplamente lembrada no dia 11 de agosto. Neste dia comemoram-se, lado a lado, o Dia do Estudante e o aniversário de uma das principais organizações que representa a categoria, a União Nacional dos Estudantes (UNE), que nasceu no Rio de Janeiro, em 1937.
Nesses oitenta anos de atuação, os estudantes participaram de decisivas lutas do contexto nacional. A entidade esteve presente nas mobilizações pela educação, pelos direitos trabalhistas, direitos humanos, pela soberania nacional e pela consolidação da democracia brasileira.
Inserido no atual contexto do golpe político no Brasil, seu aniversário será celebrado com uma mobilização pela saída do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), em defesa das eleições diretas no país e contra a retirada de direitos sociais. O ato político acontece nesta sexta-feira (11), às 18h30, no Largo do São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na região central de São Paulo (SP).
Na mesma atividade será realizada a cerimônia de posse da nova gestão da UNE para o biênio 2017-2019 e da nova gestão da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).
A celebração termina com um festival de música que contará com a presença do cantor Chico César e do grupo de cantoras As Bahias e a Cozinha Mineira, entre outras atrações.
Trajetória
Os capítulos da história da entidade são muitos. Em 1953, no segundo governo de Getúlio Vargas, ela esteve presente ativamente na campanha pela soberania nacional "O petróleo é nosso", luta que se mostrou vitoriosa e culminou na fundação da estatal brasileira Petrobras.
Durante o período da Ditadura Militar, a UNE foi considerada ilegal pelo Congresso Nacional, em uma tentativa de desmobilizar o movimento estudantil. Na noite de 30 de março para 1º de abril, madrugada em que se deu o golpe, a sede da UNE, à época localizada na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, foi invadida, metralhada e incendiada. A entidade passou a atuar na clandestinidade.
Em 1968, os estudantes foram a linha de frente de uma das maiores mobilizações contra o regime autoritário, a "Passeata dos 100 mil". A mobilização contou com a participação de diversos setores da sociedade e foi impulsionada pela comoção contra o assassinato do secundarista Edson Luís pelas forças do governo autoritário.
Ainda nos primeiros anos após o fim da ditadura, a UNE também foi protagonista do movimento "Caras Pintadas", que pedia o impeachment de Fernando Collor. Neste período, a entidade era presidida por Lindbergh Farias, atual senador brasileiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Ainda hoje a entidade é ativa nas lutas contra a retirada de direitos promovida pelas "reformas" do governo Temer e pelas Diretas Já.
Edição: Simone Freire