Quem passou pela Praça de Maio, coração de Buenos Aires, no fim de tarde desta sexta-feira (11) não pôde desviar o olhar de Santiago Maldonado. Jovem ativista, de 28 anos, Santiago está desaparecido há dez dias desde que o levaram em operação militar em território indígena mapuche, no sul da Argentina.
Reproduzida em um telão, sua foto esteve no centro da Praça de Maio durante a manifestação que reuniu milhares de argentinos exigindo do Estado argentino sua aparição com vida. “Agora, agora, exigimos que Santiago apareça com vida e justiça aos criminosos!”, cantava a multidão que também carregava cartazes com a imagem de Santiago.
Lido pelas Mães e Avós das Praças de Maio, o documento conjunto da manifestação chama responsabilidade ao Estado argentino e seus políticos. O presidente Mauricio Macri, ao ser citado no texto, foi fortemente vaiado por toda a praça: “O Estado é o único responsável pela desaparição forçada de Santiago”.
Macri se pronunciou sobre o tema apenas às vésperas da marcha, dizendo que providências estão sendo tomadas para saber o que aconteceu. Ao mesmo tempo, acusou a comunidade mapuche de não colaborar com as buscas, por serem segundo ele “pouco democráticos e bastante violentos”.
O documento dos organizadores, por outro lado, explica que, “por razões culturais e medos fundados na perseguição que vêm sofrendo, [os mapuches] se negaram a permitir drones sobre seu território e o rastreamento sobre lugares que consideram sagrados”, mas não atrapalharam as investigações.
“A família de Santiago e sua comunidade vivem momentos de muito desespero. Nós devemos acompanhá-los. Como povo, não podemos permitir mais retrocessos em matéria de direitos humanos”, declararam ainda os organizadores.
O ponto alto da mobilização esteve na fala de Sérgio, irmão do jovem desaparecido. Junto de sua esposa, refletiu sobre repressão e controle do Estado. Ao fim, disse estar orgulhoso de seu irmão e pediu emocionado: “Santiago, quero te ver!”.
Edição: Juliana Gonçalves