A agricultora Esmeralda Almeida foi acompanhada de seus dois netos participar do Ato em Defesa de Políticas Públicas para o Semiárido e a Agricultura Familiar, em Feira de Santana, interior da Bahia. Ela foi uma das milhares de agricultoras e de agricultores presentes na atividade, que marca o terceiro dia Caravana Lula pelo Brasil, neste sábado (19).
Esmeralda conta que, na propriedade onde mora com a família, eles produzem hortaliças que usam para o consumo próprio e também para a comercialização, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Esta política pública foi criada no governo Lula, em 2003, com a função de promover o acesso à alimentação de qualidade e incentivar a agricultura familiar.
Anos depois de sua criação, no ato em Feira de Santana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ainda acreditar que este é o caminho para o país. “Hoje, tenho absoluta certeza que a agricultura familiar é capaz de produzir alimentos para todos os 204 milhões de brasileiros”, discursou.
Lula também afirmou que a agricultura familiar já produz 70% dos alimentos consumidos no Brasil e que, em seu governo, o orçamento destinado ao tema aumentou de R$ 2 bilhões para R$ 15 bilhões.
Esmeralda, uma das beneficiadas pelo programa, e que também faz parte de um grupo de dez mulheres que produzem coletivamente, garante que a política promoveu uma mudança para os produtores familiares: “Depois que conseguimos acessar o PAA, nossa vida melhorou muito, porque não precisávamos mais vender para o atravessador, e isso é muito bom”.
Quem também acessa o PAA é Liro Silva, morador do assentamento Paulo Cunha, no município de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. “Depois de oito anos acampados, conseguimos o assentamento, somos 170 famílias produzindo hortaliças, aipim, amendoim, laranja, entre outras culturas. Comercializamos na feira livre do município, mas também por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, conta.
Junto ao PAA, o PNAE – que é uma política voltada para garantir uma alimentação de qualidade nas redes públicas de ensino – também está sendo ameaçado pelos cortes orçamentários do governo golpista de Michel Temer em políticas sociais.
Além disso, a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) por Temer também preocupa Liro Silva: “Agora estamos apreensivos com o fim do MDA, pode ser que essa política se enfraqueça”. A recriação da pasta está entre as reivindicações dos movimentos e organizações do campo que participaram do ato da Caravana.
Água
Em uma região em que a seca é um fenômeno climático constante, Lula, em sua fala no ato, também destacou a construção de 1 milhão e 400 mil cisternas de placa em todo o Semiárido, construídas em parceria com a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA).
A preocupação com o desmantelamento de políticas públicas voltadas para o campo também se aplica neste caso, já que o projeto teve uma drástica redução de recursos após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Luiz Félix, agricultor do município baiano de Riachão do Jacuípe, tem uma dessas cisternas em casa. Ele explica que a armazenagem de água para o consumo de sua família ocorre durante oito meses do ano: “Também tenho uma cisterna maior, de 52 mil litros, que junta água para a produção de alimentos; rego tudo com essa água”, explica. Félix é produtor de hortaliças, cultivadas de forma agroecológica, e comercializa todos os sábados seus alimentos na feira.
Próxima parada
Depois de Feira de Santana, a caravana de Lula segue para Sergipe, onde será recepcionado neste domingo (20). Depois, ela segue percorrendo todos os estados do Nordeste, até o próximo dia 5 de setembro, quando será finalizada no Maranhão. No total, serão mais de 20 dias de atividades, passando por diversos estados da Região Nordeste do Brasil.
Confira mais fotos do terceiro dia da caravana de Lula pelo Nordeste:
Créditos: Julia Dolce/Brasil de Fato
*A cobertura da caravana "Lula pelo Brasil" é realizada por meio da parceria entre Brasil de Fato, Mídia Ninja e Jornalistas Livres.
Edição: Vivian Fernandes