No Brasil, a ex-procuradora geral do Ministério Público da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, informou que não pedirá asilo político ao governo brasileiro e que deve voltar à Colombia em breve. Também descartou a possibilidade de refugiar-se nos Estados Unidos, como havia especulado a imprensa venezuelana e a internacional. A ex-procuradora viajou a Brasília (DF) para participar de um evento que reuniu os procuradores dos países do Mercosul e permaneceu na capital federal na quarta (23) e na quinta-feira (24).
"Se ela quiser, o Brasil a acolheria de braços abertos", disse o ministro de Relações Exteriores do governo golpista, Aloysio Nunes, oferecendo asilo político "imediatamente", em declarações à Globonews.
Na Venezuela, Ortega Díaz é considerada foragida da Justiça. Ela está sendo acusada de favorecer máfias de empresas importadoras que compraram dólar a preço subsidiado pelo governo. "80% dos processos que envolviam pessoas ou empresas investigadas por suspeita de compra irregular de dólar subsidiado foram arquivados pela então chefe do Ministério Público. Podemos presumir que a mão que acalentava essa grande máfia era a da ex-procuradora", afirmou o atual procurador-geral da República da Venezuela, Tarek William Saab, em entrevista coletiva.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou na terça-feira (22) que o país solicitará a captura internacional à Interpol de Luisa Ortega e seu esposo, o deputado da Assembleia Nacional Germán Ferrer, suspeito de integrar uma rede de extorsão de suspeitos de corrupção.
Luisa Ortega Díaz não comentou as acusações feitas pelo Ministério Público venezuelano. Durante sua estadia no Brasil, preferiu falar sobre as denúncias que teria contra os principais líderes chavistas. "Tenho provas do caso Odebrecht que comprometem a Nicolás Maduro, Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez e outros", disse Ortega durante abertura do evento dos procuradores do Mercosul.
No entanto, o segundo vice-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Isaías Rodríguez, diz que a denúncia feita pela ex-procuradora não tem informação relevante, já que não apresentou nenhuma prova. "Depois de analisar a denúncia, posso dizer que se trata de uma simples opinião. Se é verdade que existia essa suspeita, por que ela não formalizou a denúncia enquanto era procuradora?", questionou o deputado constituinte, em entrevista à imprensa venezuelana.
Ex-procuradora geral do Ministério Público da Venezuela, Ortega foi destituída do cargo no dia 5 de agosto pela Assembleia Nacional Constituinte, eleita no dia 30 de julho. Na última sexta-feira (18), ela deixou a Venezuela rumo à Colômbia, da onde saiu na terça (22), de Bogotá, com destino ao Brasil, segundo a Agência EFE.
Edição: Vivian Fernandes