A expectativa não era só da militância que o esperava chegar. Em uma conversa rápida com trabalhadores ambulantes na frente do Museu Cais do Sertão, no final da tarde de ontem (24), em Recife, percebia-se a alegria de ao menos saber que estariam perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que com a Caravana Lula pelo Brasil chegou esta tarde a capital pernambucana.
O vendedor ambulante Manoel do Nascimento tentou entregar uma bandeira do estado a Lula como presente. “No final de semana eu faço aniversário e ele é meu presente”, disse. Manoel aproveitou a vinda de Lula para vender seus produtos, coco e água mineral, na porta do museu. Desta vez usava uma carroça emprestada, pois na semana passada a fiscalização da Prefeitura do Recife apreendeu sua mercadoria e agora ele precisa pagar uma multa de R$ 500,00 para retirar a carroça que usa como meio de vida.
A mesma coisa aconteceu com a ambulante Daniele Bárbara. Ela conseguiu pagar a multa e agora tenta tirar o prejuízo em suas vendas de pipoca. Para ela a presença de Lula no estado é importante e um sinal de esperança. “A gente está sofrendo demais com essa crise. Tá uma miséria para todo mundo e a gente que é camelô sofre demais com a discriminação. E ele tem que voltar para o poder, se não é daí para pior”.
Lula chegou em Recife e foi direto para o museu. Lá fez todo o percurso que o local oferece para os visitantes, um guia ia apresentando cada detalhe das obras e o significado de estarem ali expostas. O ex-presidente é pernambucano, natural de Garanhuns, no Agreste do estado, e em alguns momentos da visita tecia comentários sobre algo que lhe era familiar. Políticos do Partido dos Trabalhadores (PT) o acompanharam na visita, assim como representantes de movimentos populares e sindicais como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e da Central única dos Trabalhadores (CUT).
Representantes de movimentos contrários ao ex-presidente e ao PT estiveram no local, pouco antes da chegada de Lula. Eram quatro pessoas que, inclusive, insultaram a militância que aguardava. Trabalhadores civis gritavam do alto de uma construção “Lula presidente”, enquanto um pequeno tumulto acontecia entre as militâncias.
Para a deputada estadual Tereza Leitão (PT) a chegada de Lula em Pernambuco hoje está muito afinada com o momento político. “Pernambuco deve muito ao que Lula fez quando presidente, que Dilma continuou, e nesse momento de golpe, de retirada de direitos, de profunda crise social e política a vinda de Lula é um alento, é uma nova chama na resistência e eu tenho certeza que, da mesma maneira que deixou na Bahia, que deixou em Sergipe, que deixou em Alagoas, deixará aqui muita esperança e expectativa no povo de Pernambuco”, disse.
Sobre o fato do governador Paulo Câmara (PSB) não receber o ex-presidente em sua chegada, Tereza Leitão avalia como natural. “Lula é uma liderança política, mas não tem um cargo institucional. O governador não está no nosso lado, então acho isso natural. E Lula também não está atrás dessa conversa. O que vamos fazer aqui é um grande ato popular. É o povo que vai abraçar Lula”, enfatizou, em referência ao ato público que acontecerá amanhã (25), às 16h, no Pátio do Carmo, Centro do Recife.
Sobre a expectativa de quem esperava Lula chegar, Maria Ofélia de Góis, de 82 anos explica. “Estou aqui hoje para ser uma presença solidária para as pessoas que lutam por um Brasil mais justo”.
Edição: Monyse Ravenna