“Para mim, fazer a transposição do Rio São Francisco era como uma procissão de fé, eu não conseguia admitir e ver as pessoas e os animais morrendo por falta de água”, afirmou o ex-presidente Lula no ato “Água e Cidadania”, na cidade de Campina Grande (PB), durante a passagem da Caravana pela cidade no domingo (27).
Também durante o ato, o governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) anunciou o fim do racionamento de água em Campina Grande e mais 18 municípios abastecidos pelo açude Epitácio Pessoa, no município de Boqueirão, há 40 km de Campina Grande. A água que chega ao açude vem do canal da transposição que vem de Monteiro, também na Paraíba.
“O dia mais feliz da minha vida foi na inauguração popular da transposição em Monteiro. Quem fala que a transposição foi cara não sabe o que diz, gastamos R$ 9 bilhões para levar água a 12 milhões de pessoas, isso é troco para o Temer, que acabou de gastar R$ 15 bilhões para comprar deputados e continuar na presidência”, destaca o ex-presidente.
“A água não pertence ao governo, a água pertence ao povo e na Paraíba ela não será privatizada”, frisou o governador Ricardo Coutinho, sobre os processos de privatização dos sistemas de água e esgoto que vem acontecendo em vários estados do Brasil.
O tema da privatização também foi comentado por João Azevedo, secretário de Recursos Hídricos da Paraíba: “O BNDES está fazendo um estudo tentando apresentar modelos de privatização das companhias de água e na Paraíba, o governador já decidiu que não terá privatização, o que o povo tem que exigir das companhias públicas é uma boa gestão do poder público”, comenta.
Contraponto
Vanúbia Oliveira faz parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e explica que a água que sai do açude Epitácio Pessoa deve ser usada preferencialmente para a matar a sede da população, nas áreas urbanas, mas há múltiplos usos, como na indústria e comércio, por exemplo. Com o fim do racionamento, a regularidade deve voltar a cidade de Campina Grande, porém Vanúbia pontua que “é muito difícil ter abastecimento regular na periferia da cidade, mesmo quando não há racionamento, porque o racionamento também é racista”.
Vanúbia também conta que ainda há vários problemas no percurso que a água faz de Monteiro até Boqueirão e “várias comunidades rurais estão olhando para água passar sem ter acesso a ela, isso é importante ser dito e a justiça precisa ser feita com essa água da transposição”, conclui.
Edição: Camila Salmazio