No dia 18 de setembro, Raquel Dodge vai assumir a Procuradoria-Geral da República. E o presidente golpista, Michel Temer, deve estar contando as horas para esse momento. Desde 2013, o cargo é ocupado por Rodrigo Janot, que se tornou um dos maiores adversários dele nos últimos meses.
A postura que Raquel Dodge pretende adotar no comando da Procuradoria é um mistério. Em todos os pronunciamentos recentes, ela se posicionou a favor da ampliação e da intensificação da Lava Jato.
Mesmo assim, o sinal de alerta está ligado. Primeiro, porque Raquel Dodge nunca assumiu uma postura crítica sobre as violações e os abusos cometidos pela Lava Jato. Nesse sentido, não se pode esperar nada diferente do que Janot tem feito como procurador-geral.
O que mais preocupa, portanto, é a confiança que Temer deposita sobre a nova procuradora. O mais votado para assumir o cargo, entre os colegas do Ministério Público, foi Nicolao Dino. Mas o presidente golpista preferiu nomear Raquel Dodge como nova procuradora-geral. Por algum motivo.
Temer está preocupado com o avanço da Lava Jato, e a Procuradoria-Geral da República será uma peça-chave para o avanço ou o fim das investigações. Há duas semanas, ele e Raquel Dodge se encontraram no Palácio do Jaburu na calada da noite, fora da agenda oficial. Circulam em Brasília boatos de que o golpista pede a ela para fazer uma auditoria das ações de Janot.
A biografia da nova procuradora-geral da República não é motivo de suspeitas. Mas é difícil acreditar que Michel Temer, alvo da Lava Jato, não pesaria seus próprios interesses ao nomear a chefia do Ministério Público. Ele mesmo disse, após a nomeação, que a Lava Jato voltaria ao “rumo certo” com a mudança no comando da PGR.
A cada dia, o presidente golpista parece mais confiante de que ela está ao seu lado, e isso pode ser perigoso para a democracia.
Raquel Dodge assume o cargo sob pressão, e já anunciou mudanças em cargos decisivos para os rumos da Lava Jato. Qualquer medida que beneficie o governo, a partir de 18 de setembro, será encarada como suspeita. O mínimo que se espera é que ela não alivie a barra para o lado de quem a nomeou.
Edição: Mauro Ramos