No dia 26 de novembro do ano passado Fidel Castro morreu em Havana. Enquanto o mundo voltava os olhos para a pequena ilha que ousou afrontar o capitalismo com sua versão sui generis de socialismo tropical, três jornalistas independentes da Região Sul – dois paranaenses e um gaúcho - resolveram ver de perto o que estava acontecendo. Gibran Mendes, Leandro Taques e Tadeu Vilani cruzaram Cuba acompanhando o cortejo funerário. Foram nove dias e mais de dois mil quilômetros viajando por terra a bordo de um Dodge 56, um dos famosos e velhos carros presentes no país. O resultado será publicado no livro “Yo Soy Fidel” que trará 120 páginas repletas de histórias e fotografias.
Mas para o livro passar a existir de fato, os autores abriram uma campanha colaborativa para custear esta última etapa do projeto. A meta é alcançar R$ 25 mil, dinheiro que vai para o pagamento da gráfica onde serão rodados os livros; para o financiamento das recompensas dos colaborares; e para quitar a taxa de serviço cobrada pelo site Kickante, plataforma onde a campanha está hospedada.
O livro “Yo Soy Fidel” é uma espécie de relato de viagem atento à sociedade cubana e aos tantos personagens que passaram pelos olhos e lentes dos autores. Mas é, também, um relato jornalístico ciente do momento histórico ali vivido. E é bom ressaltar, é jornalismo com “J” maiúsculo, porque trata-se de um olhar que vai a fundo, ultrapassando os clichês tão presentes mundo afora quando o assunto é Cuba e seu comandante revolucionário Fidel Castro. Além disso, o texto segue a linha do jornalismo literário, embalando o leitor em uma reportagem não ficcional, mas com gosto e ritmo de ficção.
As noventa fotografias que compõe “Yo Soy Fidel”, além de aprofundar o relato – ajudando o leitor a se situar – são por si só, obras de arte capazes de arrematar qualquer um direto para outro mundo. No caso, um mundo cubano, caribenho e tão pouco entendido e visto pelo resto do planeta.
Mas, afinal, por que os três jornalistas resolveram viajar até Cuba, se outros tantos profissionais foram bancados por grandes empresas de jornalismo? “Fidel, goste dele ou não, é um dos maiores líderes políticos de nossa história. Acompanhar, mais do que isso, registrar e participar de um momento como esse é ver a história passar diante dos seus olhos”, analisa o jornalista Gibran Mendes. Opinião semelhante é a do fotógrafo Leandro Taques. “Quando estive em Cuba em 2012, pela primeira vez, me chamou a atenção a relação do povo cubano com Fidel. Na verdade, com os ‘barbudos’ Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Mas em especial com Fidel, talvez por ele ainda estar vivo à época. Quando voltei para o Brasil comentei que deveria voltar para Cuba quando Fidel morresse. Fui para lá para ver de perto as reações, tristezas, homenagens. Não podia perder essa oportunidade histórica. Sem contar que cada um tem seu ponto de vista. Fui lá para registrar o meu”, completou. Para Tadeu Vilani a motivação está no registro fotográfico daquele momento. Sou fotógrafo, e a fotografia me move. Estar próximo de momentos importantes da história da humanidade, quando possível, é importante. A morte de Fidel Castro, era um momento histórico, acompanhar e registrar a comoção da despedida que o povo realizou para o seu comandante, foi único. O que resta desta experiência são as vivências e a memória fotográfica que desejamos concretizar em livro”.
É possível colaborar com o projeto com valores a partir de R$ 25,00. Para adquirir o livro em pré-venda, o preço é R$ 50,00. No entanto, para os primeiros quarenta e cinco, o valor é R$ 45,00. Há outras recompensas para quantias maiores que incluem, inclusive, fotografias com impressões fine art em papel 100% algodão. A campanha é por tempo determinado. Então corre para garantir o seu exemplar.
Serviço
Yo Soy Fidel
Livro reportagem, capa dura, papel couchê 170g, 120 págs.
A campanha: kickante.com.br/campanhas/yo-soy-fidel
Colaboração e recompensas a partir de R$ 25,00
Os autores
Gibran Mendes (1982) é jornalista e nasceu em Pato Branco (PR). Passou pela redação da Gazeta Mercantil em Curitiba e atuou na assessoria do poder público, tanto no executivo quanto no legislativo. Atualmente é assessor de comunicação da CUT Paraná e do Instituto Declatra, além de colaborador de veículos da mídia alternativa, como o Brasil de Fato e Jornalistas Livres. Recebeu o Prêmio Sangue Bom de jornalismo por três vezes.
Leandro Taques (1974) é fotógrafo freelancer, graduado em Jornalismo, pós-graduado pelas Faculdades Curitiba e pela Faculdade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. É professor de fotojornalismo em Curitiba e desenvolve trabalhos fotográficos documentais. Já fotografou em Cuba, China, Angola, no Afeganistão, Paquistão, Tibet, Nepal, Palestina ocupada, Líbano e também na Síria. Integra o coletivo Jornalistas Livres. É colaborador do Terra Sem Males e Brasil de Fato.
Tadeu Vilani (1965) atua profissionalmente desde 1993 e, há 20 anos, é fotógrafo do jornal Zero Hora. Nascido em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, desenvolve projetos fotodocumentais. Influenciada pelo cinema neorrealista italiano. Sua estética é marcada pelo uso do preto e branco e pela temática ligada às causas sociais e ao homem. Vilani já expôs seu trabalho em mostras coletivas e individuais pelo Brasil, Argentina, Iraque, Itália, Lituânia, Polônia, Portugal e Uruguai.
Edição: Ednubia Ghisi