A privatização dos aeroportos brasileiros proposta pelo governo golpista de Michel Temer é uma tentativa da gestão de arrecadar fundos para as eleições do próximo ano. Esta é a avaliação de Francisco Lemos, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários da Infraero (Sina).
"O Sindicato vê isso como uma manobra do governo federal com um único propósito: fazer caixa para a eleição de 2018. Porque vender ativo da forma como estão anunciando, e no meio desses ativos, estão aeroportos da Infraero, a gente não consegue compreender", criticou.
Ao todo, o pacote de Programas de Parcerias e Investimentos de Temer pretende privatizar 18 aeroportos em todo o país. Além disso, haverá mudanças na participação da Infraero em concessionárias que administram terminais em Brasília (DF), Confins (MG), Galeão (RJ) e Guarulhos (SP).
Paulo Kliass, que é doutor em Economia pela Université de Paris 10, da França, e especialista em Políticas Públicas, também duvida da eficácia da proposta de Temer.
"Porque que aparece agora a privatização, sendo que essas empresas estão em poder do estado há um certo tempo? É por uma emergência da questão fiscal, no primeiro ponto. E aí é que está o grande absurdo. Você vai liquidar patrimônio público, construído com grande esforço do conjunto da sociedade brasileira, ao longo de décadas, para resolver problema de caixa de final de ano de 2017 e dos problemas que já estão apresentados para fechar as contas fiscais de 2018. Isso é um absoluto contrassenso", disse.
As dúvidas sobre as vantagens das privatizações no setor não são novidade. Em 2012, o governo federal repassou às empresas concessionárias uma série de aeroportos nacionais, entre eles Viracopos, na cidade de Campinas, interior de São Paulo. Cerca de cinco anos depois, a empresa que administra a unidade quer devolvê-la.
Kliass defende a gestão pública e lembra que todo o investimento realizado em Viracopos foi feito pelo governo federal e não pela empresa concessionária. "Alguns anos atrás, o governo fez aquela loucura, um verdadeiro crime de lesa pátria, entregou o que seria um dos maiores aeroportos, potencialmente no futuro, para a iniciativa privada. E agora o grupo desistiu, "não quero mais brincar"!. E devolve o aeroporto, em piores condições, não fez nenhum investimento, porque todo o investimento feito lá foi público e devolve a batata quente para o governo", lembrou.
As concessões também não foram positivas para os trabalhadores do setor aeroportuário, conforme lembra o sindicalista Francisco Lemos. "Para os trabalhadores, por exemplo, não gerou a quantidade de empregos que foram anunciados, as condições de trabalho são inferiores às condições de trabalho da Infraero, as classes C e D foram devolvidas para a rodoviária, porque o custo do transporte aéreo subiu novamente. Criaram tarifas de conexão, que não existiam. Hoje você paga por esse serviço", disse.
O Sindicato Nacional dos Aeroportuários está realizando assembleias em todo o país. Um Dia Nacional de Lutas deve ser realizado no próximo dia 12 de setembro, com manifestações em em todos os aeroportos administrados pela Infraero. O objetivo é alertar a população para os riscos do pacote de privatizações de Temer.
Edição: Simone Freire