Cerca de 300 indígenas ocupam desde às 9 horas da manhã desta quarta-feira (30) o prédio da Secretaria da Presidência da República localizado na Avenida Paulista em São Paulo (SP).
Os indígenas protestam contra uma portaria do Ministério da Justiça que revoga a criação da reserva indígena no Pico do Jaraguá, na zona noroeste da capital paulista. Na prática, a decisão pretende reduzir a extensão do território de 512 para apenas 3 hectares.
Thiago Henrique Djekupe, líder da aldeia Tenondé Porã, afirma que o grupo não pretende sair do local até que garantam seus direitos.
"A gente só sai da Casa do Temer quando ele sair da nossa; ele invadiu o nosso território com essa portaria, invadiu quando colocou uma ruralista e um general na Funai", disse.
O líder guarani se refere ao general do Exército Franklimberg Ribeiro de Freitas, nomeado pelo presidente golpista Michel Temer, presidente interino da Fundação Nacional do Índio, e de Azelene Kring Kaingang, representante regional da entidade no estado.
Para Djekupe, a representante regional defende apenas os interesses dos ruralistas. "Ela se diz nossa parente, mas é uma ruralista que vem agindo contra as demarcações de terra indígenas no Brasil, favorecendo o governo, os grileiros, a especulação imobiliária e todo esse povo que tem muito dinheiro e quer roubar as nossas terras", protestou.
Prestando solidariedade aos guarani, Cristine Takua, coordenadora da comissão Yvy rupá, da etnia maxacali, também participa da mobilização, que realizará um ato no início desta tarde.
"Em algum momento vamos nos dividir, ficar um grupo aqui na ocupação e outro grupo segue para o Masp para a concentração a partir das 4 horas", informou.
Os indígenas também exigem a revogação de um parecer da Advocacia-Geral da União que pode afetar todos os processos de demarcação de terras indígenas.
Fuli Funio, guarani que coordena o movimento m"baraeté no litoral de São Paulo, acredita que hoje é um dia histórico para a questão indígena. "É uma história que se soma as demais etnias porque hoje nossa luta é única, é pela demarcação de terras", disse.
Além da ocupação em São Paulo, os guarani ocupam desde a manhã desta quarta o Ministério da Justiça em Brasília (DF).
Edição: Simone Freire