O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, realizou um encontro com a comunidade colombiana que vive em território venezuelano. O evento, que aconteceu no estado de Táchira, região andina que faz fronteira com a Colômbia, tinha como objetivo reafirmar o compromisso social do governo venezuelano com os mais de 5 milhões de colombianos que saíram de seu país fugindo da guerra civil, da perseguição política, da violência do paramilitarismo e das condições sociais degradantes.
No momento em que muitos venezuelanos cruzam a fronteira em busca de novas oportunidades para superar a crise econômica, os cidadãos colombianos que vivem em Táchira relatam como foram recebidos em solo venezuelano nos últimos 15 anos.
"Aqui fomos muito bem recebidos pelo governo e pelo povo da Venezuela. Tivemos oportunidades, estudamos, conquistamos a casa própria e vivemos em condições melhores", afirma a professora Marlene Iralda. Ela conta que quando chegou ao país tinha apenas a quarta série primária e, hoje, depois de terminar os estudos, trabalha em um programa de formação profissional.
O músico German Vive, integrante do Movimento pela Paz na Colômbia, mora na Venezuela há 15 anos. Ele cruzou a fronteira fugindo da perseguição política. "A Colômbia é o país em que defensores dos Direitos Humanos mais morrem. Por ser de esquerda, também sofri perseguição política e tive sair do país", relata o colombiano.
Histórias de superação como a dele e a de Marlene não faltam no município de García de Hevia, em Táchira. Nessa região, 45% da população é conformada por colombianos, segundo dados da prefeitura local. Na Venezuela, os colombianos têm acesso a todos os programas sociais do governo.
Durante o encontro, o ministro Jorge Arreaza destacou que embora a relação com o governo colombiano esteja estremecida, a relação entre os cidadãos colombianos e venezuelanos é a melhor possível. "Estamos destinados a sermos povos irmãos. Formamos parte da mesma pátria de Bolívar. Os colombianos nunca foram maltratados aqui e nunca foram utilizados como instrumento de guerra contra o governo colombiano. Nós estamos sempre buscando o diálogo com o governo da Colômbia", afirmou o chanceler, em resposta às sucessivas críticas feitas pelo governo do presidente Juan Manuel Santos ao país vizinho.
Além disso, na última semana, o embaixador dos EUA na Colômbia, Kevin Whitaker, afirmou que teme uma "aventura militar por parte dos venezuelanos contra seus vizinhos". A declaração do diplomata estadunidense foi repudiada por Arreaza: "Isso é um absurdo, é uma provocação, mas nós não vamos cair em provocação. Sempre buscamos ter uma relação de respeito com o governo colombiano".
Na entrevista concedida ao jornal colombiano El Espectador, o embaixador dos EUA defendeu sanções ainda mais duras contra a Venezuela. Ele afirmou que outros países, assim como os EUA, devem aplicar o bloqueio internacional e suspender as relações comerciais com a Venezuela.
Edição: Vivian Fernandes