O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou que na próxima semana vai anunciar as novas medidas que o governo irá adotar para conter a crise econômica e intensificar as ações no combate à especulação da moeda local, no controle da inflação e soluções para superar o bloqueio econômico dos Estados Unidos.
“Esse conjunto de ações importantes tem como objetivo estabilizar a economia, atacar os especuladores e defender o emprego do povo. É para isso que estamos trabalhando sempre”, informou Maduro.
O plano que será anunciado pelo presidente venezuelano foi elaborado em conjunto com a Assembleia Nacional Constituinte, eleita para realizar mudanças na Constituição, mas também com a missão de resolver problemas imediatos, como a contenção da violência política nos protestos da oposição e desenvolver um plano econômico emergencial.
Paz
Usada como mote para a convocação da Assembleia Constituinte, a paz já foi alcançada com a participação massiva da população nas eleições.
Desde a votação, os partidos de oposição ao governo Maduro perderam o poder de convocar manifestações violentas. Na última marcha, realizada essa semana, apenas 200 pessoas compareceram ao chamado de setores ligados à direita venezuelana.
Além disso, a presidenta da Assembleia Nacional Constituinte, Delcy Rodríguez, anunciou semana passada que a Comissão da Verdade, que investiga os casos de violência política, já está dialogando com líderes de grupos opositores que promoviam protestos violentos em Caracas.
Agora, a expectativa da população se concentra em torno da economia. Articulistas dos jornais venezuelanos, tanto os de linha progressista como os de direita, têm sido unânimes em dizer que a numerosa participação nas eleições da Assembleia Nacional Constituinte foi um voto de confiança depositado no chavismo e uma punição à direita que aderiu à violência.
Porém, a capacidade de resolver os problemas econômicos do país é que vai definir o grau de estabilidade política que o governo Maduro e Assembleia Nacional Constituinte vão conseguir manter nos próximos meses.
Escassez
Um dos efeitos da crise é a falta de alguns produtos, como o trigo, e, portanto, o pão. Durante os meses que antecederam as eleições da Constituinte, faltava pão em quase todas a padarias de Caracas. Isso tem ocorrido pelo menos nas últimas quatro eleições ocorridas no país. Sempre que vai acontecer uma eleição, as padarias deixam de fabricar pão.
O governo acusa os empresários de tentar boicotar a economia para gerar insatisfação na população. Por outro lado, os opositores afirmam que o Estado venezuelano não libera dólares o suficiente para os empresários passa importar o trigo, que traziam dos Estados Unidos.
A Venezuela consome cerca de 100 mil toneladas de trigo todos os meses, de acordo com dados do pesquisador venezuelano Werner Gutiérrez, professor da faculdade de Agronomia da Universidade de Zulia.
Para suprir as necessidades desse produto e combater o que o presidente Maduro classificou como a “a máfia do trigo", o governo venezuelano decidiu importar da Rússia 60 mil toneladas de trigo por mês. O navio com o primeiro carregamento zarpou na última sexta-feira (26) de um porto russo em direção à Venezuela.
Edição: Vanessa Martina Silva