Fale para alguém: “Vai pra Curitiba!”. Se for um tucano, pode ir sem medo
Existem alguns nomes de cidades ou mesmo bairros que assumem um significado muito diferente do original. Quando se fala dessas cidades ou bairros a gente se lembra de alguma coisa que existe lá ou algum acontecimento.
Um exemplo, para mim, é a cidade de Barbacena, em Minas Gerais, onde se cultivavam as mais belas rosas, mas até há alguns anos não era lembrada por isso, e sim, por um manicômio que existia lá, um depósito de loucos, como se dizia.
Em todo o estado de Minas, se falassem que alguém foi para Barbacena, os ouvintes entenderiam que ele ficou doido, foi internado. Chamar alguém de Barbacena, era um xingamento, queria dizer louco de pedra...
Na cidade de São Paulo tem o bairro do Butantã. Algumas pessoas pensam que o nome dele vem de “boi tantã”, quer dizer, boi maluco. Mas Butantã vem do tupi: "Yby tantã". Yby é terra, tã é firme ou dura, tantã é muito firme ou muito dura. Então, Butantã significa terra muito firme ou terra duríssima.
Só que por causa do Instituto Butantan, onde foi criado e se fabrica até hoje o soro antiofídico, para picada de cobras, a palavra Butantã acabou assumindo um significado especial, de lugar cheio de cobras, de gente muito competente em alguma coisa. Dizem: “Aquilo é um Butantã”.
Brasília acabou adquirindo um significado infeliz. Quando se fala em Brasília, interpretam que estamos falando de corrupção, de corruptos. Os brasilienses ficam muito irritados, dizem que os corruptos que existem em Brasília não são originários de lá. São políticos mandados de todos os estados do Brasil.
Se os estados não mandassem seus corruptos para Brasília, a cidade continuaria sendo lembrada pela arquitetura e pelo o clima seco.
Uma cidade cujo nome ganhou significado amedrontador, recentemente, é Curitiba, palavra que em tupi significa pinheiral. Até uns anos atrás, quando se citava Curitiba os ouvintes logo pensavam em frio, em experiências urbanas bem-sucedidas e no sotaque, em que se pronuncia as palavras fortalecendo as vogais na final. Era “leitÊ quentÊ”, “chopÊ quentÊ”.
Agora, lembra Lava-Jato, justiça radical, mas não para todos.
Fale para alguém: “Vai pra Curitiba!”.
Bom... Se for um tucano, corrupto ou não, pode ir sem medo. Gaiola curitibana não foi para tucano, não é?
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