O Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela entregou, nesta quarta-feira (6), um manifesto a representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. O documento pede providências em relação à postura que os governos brasileiro e estadunidense têm assumido diante da gestão de Nicolás Maduro, presidente venezuelano.
Formado por dezenas de personalidades e entidades da sociedade civil organizada, o Comitê demonstra preocupação, por exemplo, com as ameaças de intervenção militar feitas recentemente por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. O embaixador aposentado Samuel Pinheiro, membro do Comitê, sublinha que a conduta fere a Carta das Nações Unidas.
“Esse acordo determina, em seus artigos iniciais, que os Estados são soberanos, são iguais e que os dois princípios fundamentais do sistema internacional são a autodeterminação e a não intervenção”, explica.
Para o militante Igor Felippe, da Frente Brasil Popular, é importante respeitar a autonomia do povo venezuelano. “Nós defendemos a autodeterminação dos povos, que o povo da Venezuela deve defender seus desígnios a partir da sua realidade, a partir das suas contradições, e que não haja nenhuma intervenção externa que possa impedir que a Venezuela e a Constituinte terminem os seus objetivos”, disse.
Já a militante Ana Moraes, do Coletivo de Relações Internacionais do MST, ressaltou que é preciso valorizar também a experiência política do povo da Venezuela como exemplo para o restante do continente.
“Os Estados Unidos querem voltar a ditar as regras na região. Hoje já conseguem fazer isso aqui no Brasil, com o governo Michel Temer, e a grande resistência que a gente tem dentro da América Latina é a Venezuela”, afirmou.
O deputado federal Paulo Pimenta, do Partido dos Trabalhadores, que fez parte da comitiva, considera que o manifesto é relevante também para orientar as ações das Nações Unidas no que se refere à Venezuela.
“Neste momento, é muito importante que a ONU tenha o cuidado necessário quando elaborar relatórios acerca da situação da Venezuela, para que eles expressem efetivamente aquilo que está acontecendo. Há um governo eleito democraticamente, em um processo legítimo, que sofre uma brutal ação organizada de interesses internos e externos e que têm por objetivo estabelecer um processo de quebra da anormalidade, de uma ruptura democrática”, destacou.
O relatório foi recebido pela assessora Ângela Terto, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e será encaminhado ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em Genebra, na Suíça.
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Edição: Vanessa Martina Silva