Lava Jato

Lula não tem o que temer, diz ex-ministro Gilberto Carvalho

Com segundo depoimento agendado para quarta-feira (13), em Curitiba, ex-presidente deve contar com mobilização popular

Brasília-DF |

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Apontado como um dos amigos mais próximos de Lula, Gilberto Carvalho considera acusação jurídica "sem fundamento"
Apontado como um dos amigos mais próximos de Lula, Gilberto Carvalho considera acusação jurídica "sem fundamento" - Marcelo Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

O ex-presidente Lula (PT) deve prestar depoimento à Justiça Federal na próxima quarta-feira (13), em Curitiba (PR). Segundo Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Dilma, a expectativa é de que o petista tenha um bom desempenho na oitiva.

 “É uma postura típica de quem não tem o que temer. Nós temos a convicção de que essa acusação não tem nenhum fundamento, a não ser um fundamento político de tentar incriminá-lo e impedi-lo, inabilitá-lo pra que ele não seja candidato”, afirmou Carvalho, em entrevista ao Brasil de Fato.  

O interrogatório está relacionado a mais uma ação penal no âmbito da operação Lava Jato. Lula responde por suposto recebimento de propina da construtora Odebrecht.

O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, em Curitiba, havia sugerido que o depoimento fosse dado por videoconferência, sob a justificativa de que seria para economizar recursos, mas o advogado do petista, Cristiano Zanin Martins, contestou a proposta: 

“Na verdade, a lei estabelece que o depoimento por vídeo só deve ser feito em hipóteses excepcionais. E, evidentemente, o depoimento presencial é mais eficaz, a fim de que o próprio juízo possa bem compreender os fatos, bem compreender a narrativa do ex-presidente Lula, que certamente vai demonstrar, mais uma vez, a improcedência das acusações”, declarou o advogado.   

Esta é a segunda vez que Lula presta depoimento em Curitiba. Na primeira vez, em maio deste ano, ele contou com uma mobilização popular de cerca de 50 mil pessoas nas proximidades da Justiça Federal do Paraná. De acordo com a militante Regina Cruz, da Frente Brasil Popular do Paraná, ele deve contar novamente com a presença de apoiadores durante o interrogatório.  

“É importante os movimentos sociais, o movimento sindical, os movimentos de lutas estarem aqui no dia 13 porque nós estamos num momento de golpe no Brasil, um golpe contra a classe trabalhadora. Então, é importante vir aqui dar esse apoio pro ex-presidente e defendê-lo porque ele é a esperança dos movimentos sociais do Brasil pra que seja nosso presidente e revogue todas as tragédias que o governo Temer vem fazendo”, defendeu a dirigente.

 Seletividade

Para Regina Cruz, Lula tem sofrido um processo de “perseguição política”. O debate se estende ainda ao comportamento do Poder Judiciário no Brasil. O advogado Gabriel Sampaio, que atua junto ao PT no Senado, considera que os processos envolvendo o petista demonstrariam a “criminalização de uma determinada forma de se fazer política”.

Nesse sentido, Sampaio avalia que o caso do ex-presidente seria exemplar para ilustrar o comportamento seletivo da Justiça.

 “Em que pese uma série de elementos que envolvem a história da corrupção associada à política, hoje o que está havendo em relação ao Lula é maior do que um simples julgamento sobre atos supostamente ilícitos. É como se fosse uma eleição de alguém, por parte do sistema, pra personificar uma ojeriza do setor dominante da sociedade contra uma determinada prática ou forma se fazer política”, analisa o advogado.

Edição: Camila Maciel