Reforma agrária

MST comemora 30 anos de luta e resistência na Bahia

Assentados falam sobre inicio do MST na Bahia e os impactos da luta pela conquista da terra em suas vidas

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em 1998
Marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em 1998 - Arquivo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemora nesta quarta-feira (7), 30 anos da primeira ocupação de terra realizada pelo movimento no estado da Bahia, no município de Alcobaça na região sul do estado. Na área chamada 40 45, onde havia monocultivo de eucalipto para produção de celulose e exportação. A ocupação, organização e resistência das famílias levaram à conquista da terra, dando origem ao Assentamento 40 45 e marcando o inicio da história do MST na Bahia. A agenda de atividades comemorativa é de quatro dias de shows, debates e venda de produtos da reforma agrária.

José Mendes da Mota, Dirigente Estadual do MST, conta que foi junto com seu pai, sua mãe e seus seis irmãos que participou da primeira ocupação em Alcobaça. Na época com apenas 10 anos de idade, afirma que a partir da entrada no movimento sua vida e de seus familiares tomou novos rumos. Não sem dificuldades, mas com a esperança de uma nova vida.

“Tudo era muito primário, tendo em vista que era a nossa primeira experiência dentro do Movimento, e muitas dificuldades foram enfrentadas. Desde a estrutura de lona, que de dia é muito quente e a noite é muito fria, à alimentação”, pontua José.

Foi debaixo da lona preta também, que José e seus irmãos aprenderam a ler e escrever. Na primeira escola que frequentaram, no acampamento.

“Muita coisa mudou na vida de minha família. O que trago com maior destaque foi a faculdade feita pelos meus irmãos, que hoje são profissionais da educação. Além disso, hoje temos diversas criações de animais e plantações. As dificuldades diminuíram muito. Provamos na prática que uma vida digna é possível e que a Reforma Agrária muda a vida das pessoas”, conclui Mota.

Após três décadas de organização, resistência e lutas em defesa da reforma agrária no estado, o movimento está presente em 10 regionais, com 10.397 famílias assentadas em 146 assentamentos, e 20.467 famílias acampadas em 218 acampamentos.

Maria Soares de Oliveira, assentada no município de Prado, completa também neste sete de setembro 30 anos de militância no MST. Moradora do Assentamento Riacho das Ostras, ela tem colhido seu sustento a partir da produção de seu lote.

Assentada Maria Soares de Oliveira/ Foto: Coletivo de Comunicação MST/BA

Maria relembra que durante as ocupações muitas companheiras e companheiros dela foram presos e torturados pela polícia, e que a luta pela conquista da terra não foi fácil, mas acredita que é o único caminho para mudar a realidade.

“Perdi um filho e meu companheiro, mas independente de tudo, se fosse para ocupar o latifúndio novamente, como fizemos há um tempo atrás, eu faria tudo de novo”, conta Maria.

Para comemorar o aniversário, será realizado um evento com diversas atividades culturais, debates e uma Feira Estadual da Reforma Agrária, que comercializará a produção de assentados e acampados de todo o estado. As atividades acontecerão entre os dias 07 e 10 de setembro, iniciando em Alcobaça e finalizando na cidade de Itamaraju, reunindo mais de 1,2 mil trabalhadores e trabalhadoras, amigos e parceiros dos sem terra.

Para maiores informações acesse o evento no facebook:

https://www.facebook.com/events/942147452593650/

Especial “30 anos do MST” na Bahia: http://www.vozdomovimento.org/mst-30-anos/

Edição: Simone Freire