É a primeira vez que as feiras agroecológicas, organizadas pelo MST, percorrem várias cidades do estado
O modo de vida camponês, por meio da produção de alimentos, dos costumes e da forma de organização, chega às cidades mineiras com o Circuito de Feiras de Arte e Cultura da Reforma Agrária. A atividade é promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Com o lema “Alimentar a luta, cultivar a arte!”, o primeiro circuito de feiras, que ocorre até novembro, levará a sete regiões do estado de Minas Gerais a diversidade dos alimentos, a cultura e a culinária de cerca de seis mil famílias de 90 áreas da reforma agrária.
Os visitantes da feiras irão conferir a produção de assentados, acampados, quilombolas, artesãos e agricultores familiares de todo o estado.
Quem explica como será o circuito de feiras é Enio José Bohnenberger, da direção nacional do MST.
“A maioria desses circuitos vão acontecer durante dois dias, sábado e domingo. As famílias vão ficar acampadas no local, vão instalar suas barracas de feiras. Todos eles vão ter palcos, onde vão ter apresentações culturais. A gente vai ficar morando esses dois ou três dias nesse local. Prioritariamente quem vai fazer essas feiras são as famílias da região e no circuito estadual serão famílias de todo o estado”.
O circuito apresenta a agroecologia como contraponto à cultura imposta pelo agronegócio, ressalta Bohnenberger.
“Nós estamos produzindo uma outra cultura, um modo de vida que respeite a biodiversidade que preserve as águas, que preserve a vida, que preserve a produção de alimentos sadios. Alimentar com qualidade a gente tá dizendo é um ato político e a gente tá querendo mostrar que temos condições de produzir um alimento mais saudável.”
O evento conta com atrações musicais, teatro, cinema, capoeira, sarau de poesia, mostras de fotografia e de artes plásticas.
Porém, as atividades culturais não se vão se limitar às apresentações. Bruno Rodrigo Silva, da direção estadual do MST de Minas Gerais e do setor de produção, explica que esses momentos serão uma oportunidade para compartilhar a cultura camponesa com as pessoas das cidades por onde circuito irá passar.
“Cultura é tudo que a gente pra produzir e reproduzir nossa existência, desde o trabalho até os valores que cultivamos e também a nossa forma de se expressar no cotidiano. A cultura sem terra é forjada na luta. Então a gente vem desde o nosso último congresso, dentro do movimento e em diálogo com a sociedade, que ao valorizar a cultura do sem terra, a gente também fortalece a luta pela reforma agrária popular.”
A ideia do Circuito de Feiras da Reforma Agrária surgiu no ano passado com o Festival Nacional de Arte e Cultura em Belo Horizonte.
O circuito percorre as cidades de Governador Valadares, Montes Claros, Alfenas, Juiz de Fora, Almenara, Uberlândia, Betim e Belo Horizonte.
Na capital mineira, ocorrerá o circuito estadual, que vai reunir mais de 1200 produtores rurais, com 120 barracas de feiras, cozinha da roça e muita cultura popular com apresentações entre elas, catira, viola caipira e a folia de reis.
Mais informações sobre o Circuito de Feiras da Reforma Agrária estão disponíveis no site do MST.
Edição: Camila Maciel