Mal foi instalada, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, que vai apurar os negócios firmados pela empresa nos últimos anos e seus respectivos contratos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi objeto de protestos, retirada de parlamentares da reunião e a sugestão de medidas alternativas como forma de se obter consenso sobre o nome do relator. Tudo porque uma articulação da base aliada do governo fez com que o relator escolhido para os trabalhos fosse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Marun é considerado aliado de primeira hora de Temer e parlamentar ligadíssimo ao ex-deputado cassado Eduardo Cunha, sem falar que recebeu doações da JBS para campanhas eleitorais. A escolha do parlamentar foi acusada por oposicionistas de suspeição e por senadores do PSDB de estratégia “armada” pelos governistas diretamente com o Palácio do Planalto, sem passar por qualquer conversa com os demais integrantes do colegiado.
Em meio à confusão, os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) deixaram a comissão e declararam que estão renunciando a uma cadeira no colegiado – não sem antes trocarem farpas com os demais colegas.
De acordo com Alencar, um encontro realizado sábado passado (9) entre o presidente Michel Temer e o presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), foi o que levou à condução de Marun para a relatoria. Conforme sua avaliação, o “acerto”, “enfraquece a condução dos trabalhos da comissão do ponto de vista moral”.
Otto Alencar foi rebatido por Ataídes Oliveira que argumentou não ter tratado do assunto com o presidente. Mesmo assim, acrescentou: “Não quero participar desta farsa. É uma CPMI chapa-branca”, afirmou.
Além de Carlos Marun, o deputado Fernando Francischini (SD-PR) foi escolhido subrrelator de contratos da comissão e o deputado Hugo Leal (PSB-RJ), subrrelator de Assuntos Fiscais, Previdenciários e Agropecuários.
Pedido de Reconsideração
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), também contrário à nomeação do relator pediu para a escolha de Marun ser reconsiderada, como forma de se evitar que a comissão seja transformada no que ele comparou a “um quartel general de blindagem de Temer, para fustigar adversários políticos de dentro e fora do parlamento”.
Apesar do clima tenso, na reunião foram apresentados mais de 100 requerimentos que pedem a convocação dos empresários Joesley e Wesley Batista e o executivo do grupo J&F Ricardo Saud. Joesley e Saud estão presos, por determinação do ministro Edson Fachin, responsável no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Operação Lava Jato.
Outros pedidos citam os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff; os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Guido Mantega; o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha; e o ex-procurador da República Marcello Miller.
Edição: RBA