Moradia

Reintegração em São Bernardo ameaça despejar 6,5 mil famílias; prefeito nega diálogo

Ocupação no bairro do Planalto ocorre desde o dia 1º deste mês; lideranças temem que prefeitura responda com violência

Brasil de Fato| São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Marcha que ocorre nesta tarde visa tentar abrir diálogo com o prefeito da cidade Orlando Morando (PSDB)
Marcha que ocorre nesta tarde visa tentar abrir diálogo com o prefeito da cidade Orlando Morando (PSDB) - Divulgação MTST

Mesmo com ordem de reintegração de posse expedida na última quarta-feira (6), a ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no bairro Planalto, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, só cresce. Atualmente, 6500 famílias estão acampadas no local.

Nesta quarta (13), uma grande manifestação foi realizada no local da ocupação. O objetivo, segundo Maria das Dores Cerqueira, da coordenação nacional do MTST, é conseguir uma audiência com o prefeito Orlando Morando, do PSDB, para tratar da condição das famílias, já que ,com o agravamento da crise econômica, os trabalhadores que vivem no local não conseguem pagar aluguel. O prefeito, no entanto, se negou ao diálogo.

A militante considera que a negativa do prefeito de dialogar com os manifestantes demonstra a forma como a gestão tucana vê o problema social de falta de moradia. Para tentar reverter o pedido de reintegração de posse, o MTST entrou com recurso na Justiça.

A gestão de Orlando Morando não respondeu aos pedidos de esclarecimento feitos pela reportagem.

Ocupação

A reintegração de posse foi autorizada pela 7ª Vara Cível de São Bernardo após pedido da empresa MZM Incorporação, proprietária do terreno. De acordo com Cerqueira, a empresa já havia sido notificada pelo poder público há três anos porque o terreno, de cerca de 70 mil hectares, estava abandonado, ou seja, não cumpria nenhuma função social.

"A vontade política consegue fazer inúmeras coisas, uma delas é ajudar a sanar o problema de déficit habitacional, que é de mais de 90 mil pessoas em São Bernardo que não têm moradia", diz Cerqueira.

A dirigente ressalta ainda o temor de que uma ação violenta da polícia ocorra no local: "É preciso dialogar, porque é de extrema irresponsabilidade do poder judiciário tratar essa ocupação como caso de polícia. Agora, se o poder judiciário tentar um despejo violento, sem negociação, aí isso aqui com certeza vai virar um Pinheirinho, um massacre".

Cerqueira se refere à ação policial, ocorrida em 2012, durante a reintegração de posse que desalojou cerca de 1600 famílias na favela do Pinheirinho, em São José dos Campos. Na época, foram realizadas inúmeras denúncias de abuso de poder e violações dos direitos humanos por parte dos cerca de dois mil policiais que atuaram no caso.

Edição: Vanessa Martina Silva