Violência

Promotor quer pena de até 300 anos para acusados por chacina em Osasco

Policiais são acusados pela participação de 24 crimes de homicídios ocorridos em agosto de 2015

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Famílias das vítimas da chacina nas cidade de Osasco em ato no vão-livre do Masp em agosto de 2016
Famílias das vítimas da chacina nas cidade de Osasco em ato no vão-livre do Masp em agosto de 2016 - Rovena Rosa/Agência Brasil

Começou na tarde desta segunda-feira (18) o julgamento dos três policiais acusados de envolvimento na chacina de Osasco. Sergio Manhanhã, Thiago Barbosa Heinklein e Fabricio Eleutério são acusados pela participação de 24 crimes de homicídios - 17 consumados e 7 tentativas ocorridos em agosto de 2015. Victor Cristilder, outro policial acusado pela promotoria, recorreu da decisão de ir a júri popular e, por isso, seu julgamento não está ocorrendo junto com os outros três.

No lado de fora do tribunal de Osasco, cidade da grande São Paulo, estavam tanto os parentes e amigos das vítimas assassinadas como também os amigos e parentes dos policiais acusados, não houve registros de incidentes.

Eliete Manhanhã, esposa de Sergio Manhanhã, disse que seu marido é inocente, que a principal prova disso é que há registros em vídeo dele dentro do batalhão da PM no momento em que as chacinas ocorreram.

Rosa Francisca Correia Nascimento, que teve seu filho morto na chacina, falou que espera que a Justiça seja feita, e que os policiais sejam julgados e paguem pelo que fizeram.

Em entrevista antes do julgamento começar, o promotor Marcelo Oliveira disse que esperava um julgamento justo, falou da principal dificuldade do processo de juntar provas e testemunhas, que é o medo das testemunhas de serem assassinadas por terem presenciado crimes de tamanha brutalidade. Ele também disse que se houver a condenação total, a pena para os acusados poderia ser de 300 anos.

Os advogados de Thiago Heinklein e Sergio Manhanhã alegaram inocencia de seus clientes, falando que não há provas suficientes para apontá-los como autores dos crimes.

O julgamento começou à tarde, em torno das 16h, com a juíza Elia Kinosita inquirindo como testemunha o capitão da PM Rodrigo Elias da Silva, da corregedoria da polícia. Ele falou que a corregedoria da PM abriu processo de apuração assim que houve suspeita de envolvimento de policiais na chacina.

Segundo Silva, a apuração começou a partir do depoimento de uma testemunha chamada “Sara”, que relatou ter sido atendida depois de baleada na noite das chacinas. Enquanto era ajudada, na rua, viu uma viatura de polícia andando junto com o carro em que estavam os suspeitos, e que eles teriam rido de sua situação.

O capitão da PM disse ainda que outra vítima que sobreviveu reconheceu Fabricio Eleutério como autor dos disparos. No entanto, ao tentar fazer rastreamento do celular de Eleutério, não encontrou registro de onde ele esteve no dia da chacina.

A expectativa é que o julgamento dure 8 dias, quando serão ouvidas 28 testemunhas, 14 da defesa e 14 da acusação, mais a exposição da promotoria e da defesa, com possibilidade de réplica e tréplica. Ao fim do processo, o júri, formado por 7 pessoas 3 mulheres e 4 homens dará o veredicto.

Com colaboração de Eliane Gonçalves.

Edição: Radioagência Nacional