“Temos que lutar para, no mínimo podermos participar da democracia burguesa, que significa termos direito ao voto”. A afirmação é de Roberto Baggio, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, ao fazer uma análise da conjuntura do cenário eleitoral de 2018 durante a 16ª Jornada de Agroecologia, na Lapa, a primeira após o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República.
Neste momento de atentado à democracia e de ascensão da extrema direita e pré-candidaturas como a de Jair Bolsonaro, Baggio afirma que é tarefa dos movimentos sociais do campo dialogarem junto ao movimento urbano sobre o projeto do Governo Temer que vai além das reformas que retiram direitos da classe trabalhadora, mas também se apropria dos recursos naturais. “Toda nossa riqueza que era pública está sendo apropriada e privatizada pelos golpistas”, comenta o dirigente do MST.
O atual contexto, segundo Baggio, é de enfrentamento e alerta para os movimentos sociais diante dos cortes orçamentários do governo Temer (PMDB) em ministérios e órgãos responsáveis por ações diretas na reforma agrária, agricultura familiar e das comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas). Diante disso, ele prega a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade. “O inimigo é comum, é o grande capital, o aparelho do Estado golpista. Temos que juntar aqueles que produzem para reconstruir nosso país”, destaca.
Sem falar em nomes para corrida eleitoral, o dirigente destaca a busca por uma candidatura que expresse um programa popular e progressista. “Votaremos num programa, num projeto que vai além do simples voto, que represente o conjunto de medidas estruturantes e emergenciais. Que dialogue com a população sobre as soluções para crise. Um projeto popular e soberano, que repense o controle do sistema financeiro, que abra um plebiscito popular para revogar as medidas golpistas e que democratize os meios de comunicação que seguem anestesiando e iludindo as massas”, conclui Baggio.
Edição: Ednubia Ghisi