Desde o golpe contra o governo da presidenta Dilma Rousseff, no ano passado, a Cervejaria Latinoamericana, localizada no assentamento Maria Lara, em Centenário do Sul, região Norte do Paraná, produz a cerveja "Fora Temer".
Sucesso de vendas, a bebida artesanal é livre de transgênicos e cereais não maltados, que são ingredientes de baixa qualidade, comumente utilizados na fabricação de cervejas industrializadas.
Igor de Nadai é um dos fundadores da cervejaria e integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele explica que a iniciativa começou despretensiosa, no intuito apenas de produzir bebida de qualidade para ele e os amigos. Com o tempo e as pesquisas de Igor, a qualidade da cerveja foi aumentando junto com a produção.
"Eles botam milho, arroz, vai farelo até de soja, todo tipo de grão que faz perder a qualidade da cerveja. Só por esse motivo, a nossa já é mais saudável", afirma.
A iniciativa de produção das cervejas de Igor inspirou outros assentados que, através dele, aprenderam a preparar as bebidas e criaram sua própria marca e estilo. Uma delas é a Cervejaria Campesina, de origem do assentamento Olivio Balbino, também no Paraná.
Ezequiel Evandro Porsch, membro da cervejaria, explica um pouco sobre o propósito da iniciativa. "Fazer uma cerveja dentro do assentamento, de qualidade, é o principal fator que nos motiva hoje a produzir uma cerveja acessível à classe, que esteja disponível nos bares da classe trabalhadora e não nos bares da burguesia", comenta Porsch.
Os nomes das cervejas carregam também um protesto. No caso da "Fora Temer", da Cervejaria Latinoamericana, o nome reflete o descontentamento com o presidente golpista Michel Temer (PMDB). Já a "Beba Sem Temer", da Cervejaria Campesina, também faz alusão à crítica contra Temer, bem como à qualidade da cerveja, livre de transgênicos e cereais não maltados.
Edição: Ednúbia Ghisi