O julgamento dos 18 manifestantes detidos em um ato contra o presidente golpista Michel Temer (PMDB) no ano passado teve início nesta sexta-feira (22), na 3ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, localizada na Zona Oeste da capital paulista. O Ministério Público acusa o grupo de associação criminosa e corrupção de menores.
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que defende três manifestantes, afirma que os policiais ouvidos entraram em contradição em seus depoimentos e vê com otimismo o possível resultado do processo judicial: "Foi uma boa audiência, porque nós ouvimos três policiais militares que narraram os fatos e, em cada um dos seus depoimentos, o próximo a depor contradizia o anterior. É um emaranhado de contradições, que coloca em dúvida já na primeira audiência a versão acusatória."
Segundo a defesa, as versões dos oficiais divergiram sobre, por exemplo, as roupas que os manifestantes vestiam e os critérios que levaram os policiais a encaminharem os manifestantes para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC).
Nesta sexta-feira, foram ouvidas três testemunhas de acusação. A próxima audiência está marcada para o dia 10 de novembro.
Os estudantes foram detidos no dia 4 setembro de 2016, após uma ação que envolveu um militar do Exército infiltrado no protesto, o capitão William Botelho, conhecido por seu codinome “Balta Nunes”.
O inquérito contra Balta foi arquivado e ele foi promovido a major do Exército em maio deste ano.
Protesto
Enquanto ocorria a audiência, familiares e amigos fizeram um ato de apoio aos estudantes em frente ao fórum da Barra Funda.
Clarissa Reche é companheira de um dos acusados e também se mostra confiante na absolvição dos estudantes: "Não é crime, não há nada. Eles prenderam os jovens conversando. Então, o crime é eles se reunirem... Isso não existe".
A jovem Jéssica Moreira Souza estava com os manifestantes no dia do protesto e foi liberada por não ter completado 18 anos na época. Para ela, a ação reflete a criminalização dos movimentos populares.
"A gente sabe que isso é uma ação do estado para desmobilizar os movimentos de esquerda, os movimentos autônomos e de uma certa forma censurar porque tudo o que eles querem é desmobilizar a luta e que a gente não tenha mais força e se sinta sozinho", diz.
O ator Pascoal da Conceição também estava presente no ato e criticou a ação: "Estamos aqui no fórum criminal de São Paulo para defender o direito de manifestação. É aviltante o poder público estar trabalhando para criminalizar e atormentar a vida dos estudantes".
Edição: Vanessa Martina Silva