O contexto de golpe político e o acirramento das políticas do neoliberalismo trazem aos movimentos sociais o desafio de organizar a juventude. A próxima geração de brasileiros e brasileiras pode transformar a realidade se compreender como ela é estruturada pelo modelo capitalista e pela hegemonia do agronegócio. Entre as diretrizes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é prioridade garantir a formação política e social dos jovens que compõem a base da organização, e isso ocorre por meio do setor de juventude.
Na 16ª edição da Jornada de Agroecologia, essa tarefa é cumprida por meio de seminários e atividades exclusivamente voltadas aos mais jovens lutadores sem terra. Segundo a dirigente estadual do setor de juventude, Juliana Cristina de Melo, de 21 anos, é fundamental construir discussões e debates numa linguagem que alcance essa parcela da população. “Assim conseguimos compreender melhor nosso papel no mundo, para além da luta pela terra”, destaca a estudante.
Juliana também assinala que o modelo hegemônico do agronegócio não oferece espaço para o jovem, no campo. “Muitos assentamentos têm dificuldade de acesso à educação, cultura, espaços de lazer. Com eventos como esse [a Jornada de Agroecologia] podemos retomar com mais fôlego a discussão do nosso papel dentro da luta pela agroecologia e por um mundo diferente”, diz a jovem.
Êxodo rural
Outro cenário que tem se agravado no país é a migração da juventude do campo para a cidade, diante da falta de oportunidades no meio rural. “Vivemos um contexto de golpe político e cortes de orçamento para a agricultura familiar. Estão tentando acabar com ela”, denuncia Maicon Pederseti, mestrando em agrossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele destaca ainda a importância das trocas trazidas na Jornada. “Aqui vemos que é possível gerar renda com a agroecologia. Com novos conhecimentos a juventude pode se sentir mais estimulada a permanecer no campo”, aponta Pederseti.
Nesta tarde, os jovens participantes da 16ª Jornada de Agroecologia se reúnem no seminário “juventude e agroecologia: trabalho, organização e luta popular”.
Edição: Ednubia Ghisi