Um ato para saudar a memória e a importância da Casa da Árvore, no bairro Jardim América, em Belo Horizonte, foi realizado na tarde desta segunda-feira (25). Emocionados, apoiadores, ativistas e defensores dos direitos humanos fizeram um abraço simbólico ao redor dos escombros e entulhos que sobraram do imóvel. Participaram das atividades representantes de mais de 20 organizações.
Nos últimos dias, sem abrigo, dois ex-moradores estão sendo acolhidos nas residências de amigos e pessoas que se solidarizaram. Outro voltou para a rua e um resolveu permanecer em um albergue da Prefeitura de Belo Horizonte. De acordo com a psicóloga Neide Pacheco, uma das organizadoras da rede de apoio à Casa da Árvore, eles estão em choque.
"Warley perdeu documentos pessoais e todas as roupas. Todos eles só ficaram com a roupa do corpo. Já a Deisy está muito mal porque estava criando um livro sobre a casa, sobre a mobilização... Ela escreve à mão em um caderno, e ele se queimou também, se perdeu", lamenta.
Investigações
De acordo com o advogado Mário Mendes, que também integra a rede de apoio, a suspeita é de que o incêndio seja criminoso. No entanto, ele alerta que é preciso aguardar o resultado da perícia para ter certeza. A Polícia Civil visitou o local na segunda (25), quando tirou fotos da área para o início das investigações.
"O Ministério Público requisitou a instauração do inquérito policial. Possivelmente, será plausível solicitar as gravações das câmeras de segurança da vizinhança", afirma Mário.
O ato também teve o objetivo de reafirmar a vontade de reconstruir a Casa da Árvore com tudo que ela tem direito, inclusive a biblioteca, que era tratada com amor e como trabalho pelos ex-moradores. "Ali era um espaço para eles exercerem tarefas, ter contato com gente, contato com o carinho das pessoas, com a leitura. Eles levavam a sério e se ocupavam para sair da dependência química", explica o advogado.
Neide conta que, em um momento da manifestação, um participante retirou as brasas de uma árvore atingida, para que ela também não fosse destruída. “Foi muito representativo”, lembra ela, que ressalta que a rede de apoio já está traçando planos e se reunindo com várias entidades para contornar a situação.
Edição: Joana Tavares