A segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer (PMDB) será lida nesta terça-feira (26) no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
Depois deste procedimento, ela deve ser encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será analisada.
A leitura ocorre após dois adiamentos, por ausência de quórum. Como na primeira denúncia, após relatório da CJJ, a peça volta ao Plenário, onde os parlamentares decidem se autorizam o Supremo Tribunal Federal a avaliar a acusação.
Temer é acusado junto a outros integrantes do PMDB, como os ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, de obstrução da Justiça e de integrar organização criminosa.
A oposição defende, como na primeira peça de denúncia, que a Câmara dê a autorização ao Supremo para julgar o caso.
O deputado federal João Daniel (PT-SE), vice-líder da legenda na Câmara, critica o método utilizado por Temer de liberar emendas no orçamento para parlamentares em troca de apoio para afastar a primeira denúncia contra ele.
“O governo fez todo esforço, gastou bilhões para, na primeira denúncia, a Câmara não autorizar a investigação. Nossa expectativa é que, cada dia com mais desgaste, é possível essa denúncia ser aprovada”, diz.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), líder do partido na Casa, entende que o governo se desgastou com a prisão de aliados e, de outro lado, aponta a necessidade de cobrança por parte da população.
“A minha compreensão é de que desta vez com tanta força, na medida que tem parte do seu staff preso, que os deputados devem analisar o impacto de uma posição semelhante a da primeira denúncia. É hora de em cada município brasileiro, os deputados de cada região serem contactados e que se solicite a eles o afastamento”, afirma.
Apesar da expectativa da oposição, o prosseguimento da denúncia enfrentará a articulação da própria base aliada do governo. Governistas devem utilizar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS para atacar a denúncia, se valendo de críticas aos métodos e possíveis desvios utilizados pela Procuradoria contra Temer.
De outro lado, o chamado centrão repete a tática de negociação com o governo, defendendo publicamente que a segunda denúncia seja fatiada com as acusações relativas a Temer de um lado e, de outro, as feitas contra os ministros.
A tática é vista na Câmara como uma sinalização de pressão sobre o Planalto em busca de novos cargos e liberação de ainda mais emendas.
Edição: Simone Freire