O governo federal leiloou, na manhã de quarta (27), quatro usinas hidrelétricas operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Por R$ 12,1 bilhões, as usinas São Simão, Miranda, Jaguara e Volta Grande foram vendidas a empresas estrangeiras por R$ 12,1 bilhões. A transação foi realizada na capital paulista, na Bolsa de Valores.
Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o leilão representa uma entrega de patrimônio público ao capital financeiro. “Todas essas hidrelétricas já estão amortizadas, ou seja, já foram pagas por meio da conta de luz da população durante 30 anos ou mais. Agora, estão entregando essa riqueza do povo aos banqueiros. E quem vai pagar a conta? O próprio povo”, questiona.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, também se manifestou, por meio de vídeo em suas redes sociais, criticando a medida e afirmando que a quarta (27) foi “um dia triste” para o estado. “Tentamos, de todas as formas possíveis, uma negociação para que permitisse que a Cemig continuasse operando essas usinas. Infelizmente, não encontramos espaço no Governo Federal”, afirmou.
Durante a votação em São Paulo, uma manifestação aconteceu em Belo Horizonte em frente à sede da Cemig. Diversos movimentos populares, sindicatos e parlamentares estiveram presentes e reivindicaram a não privatização das usinas.
Entenda o caso
Após o vencimento das concessões das quatro usinas hidrelétricas da Cemig, o governo golpista de Michel Temer propôs o leilão como forma de garantir sua meta fiscal, que prevê um déficit de R$ 159 bilhões em 2017, de acordo com nota do MAB. As usinas São Simão, Jaguará, Miranda e Volta Grande correspondiam à metade da energia que a Cemig gerava. As novas concessões para explorar as usinas poderão ter prazo de 30 anos.
“Essas quatro hidrelétricas gerariam, por ano, R$ 2 bilhões. Com a venda, grande parte da verba vai para os bancos, para pagar juros e para o capital internacional. O dinheiro poderia ser usado para solucionar os problemas habitacionais do estado ou para pagar as dívidas históricas que a Cemig tem com os atingidos, por exemplo”, afirma Pablo Dias, também do MAB.
A Medida Provisória 579, de 2012, da então presidenta Dilma Rousseff, autorizou a prorrogação das concessões de usinas hidrelétricas sob comando de empresas estatais, condicionada à diminuição do valor da conta de energia. No entanto, quatro estados governados pelo PSDB e PSD não aderiram à proposta - Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Está previsto que o valor de venda das hidrelétricas seja repassado na conta de luz dos consumidores. Ou seja, a população mineira, que já pagou pelas usinas, terá que pagar novamente. “A proposta do governo federal é que o povo pague cerca de cinco vezes o valor dessas usinas nos próximos 30 anos.
O que acarretaria em nenhum retorno social, associado à exploração das usinas pelas empresas privadas para as quais querem transferir o nosso patrimônio”, explica Jefferson Leandro, presidente do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais. Confira neste link entrevista na íntegra com o sindicalista e saiba mais detalhes sobre a privatização.
Edição: Joana Tavares