Foram cinco dias de programação. Atos de rua em defesa da soberania nacional, debates sobre a conjuntura política e mesas de formação da militância fizeram parte do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). As atividades ocorreram no Terreirão do Samba, na região central do Rio de Janeiro, entre os dias 1 e 5 de outubro.
O encontro teve como lema: "Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular”. O MAB colocou em debate a questão das privatizações das empresas do setor de energia do país, entre elas a Eletrobras e a Petrobras, propostas pelo governo golpista de Michel Temer (PMDB).
Segundo Sônia Mara, da coordenação nacional do movimento, o tema é urgente para a pauta dos atingidos por barragens.
"Reunimos mais de 150 organizações entre 20 países e colocamos em pauta o debate da soberania nacional, em defesa do nosso patrimônio que é tudo aquilo que foi construído com a riqueza dos trabalhadores. Para nós, além de sermos sujeitos atingidos e vítimas desse modelo energético, nós também avaliamos que foi importante trazer o tema da soberania", disse.
O movimento também fez questão de lembrar a tragédia de Mariana (MG). Uma missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo, foi celebrada no domingo – primeiro dia do encontro – em memória às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos das mineradoras Vale e Samarco, ocorrido em novembro de 2015. Na tragédia, 19 pessoas morreram.
Os militantes do MAB protestaram, na segunda-feira (2), em frente à sede da mineradora Vale, no bairro do Leblon, região nobre do Rio de Janeiro, para pedir que seja feita justiça contra a empresa, que segue sem punições.
Na terça-feira (3), dia em que a Petrobras completava 64 anos, a Frente Brasil Popular, organização da qual o MAB faz parte, realizou um ato em defesa da soberania nacional. No mesmo dia, foi lançada uma Frente Parlamentar Mista com o mesmo propósito.
A atividade contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez discurso em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro.
“Se alguém tem vergonha da Petrobras, eu quero dizer que eu tenho orgulho da Petrobras e tenho orgulho de ter sido o presidente da República que mais investiu no desenvolvimento de óleo e gás, que mais investiu em pesquisa, que mais fez capitalização da Petrobras. Se eles têm vergonha, eu quero dizer para eles, me processem, mintam o quanto quiserem, mas eu vou voltar para recuperar a autoestima desse país”, disse.
Para Sônia Mara, o desafio agora é avançar na organização dos atingidos por barragens. "O desafio é massificarmos ainda mais, construir e afinar as nossas relações políticas nos estados e nas regiões onde nós estamos com todas as categorias de esquerda para conseguir aumentar a força própria nossa, mas também dos demais aliados e construir junto com todos esses trabalhadores do Brasil, principalmente da plataforma operária camponesa da energia, um projeto energético popular, mas também um projeto popular para o Brasil", pontuou.
O 8º Encontro MAB reuniu cerca de 3.500 militantes, de 21 estados, que desembarcaram no Rio de Janeiro em 87 ônibus.
Edição: Simone Freire