Discentes e não discentes ocuparam o antigo Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro, no dia 12 de setembro. Um dos motivos foi a ausência, dentro da instituição, de um espaço público voltado para a produção artística e cultural. Por sua vez, o antigo RU, estava sem nenhum tipo de uso, por quase um ano, devido a cortes na verba destinada à sua reestruturação.
O grupo de resistência, ao ocupar esse espaço, enfrentou algumas dificuldades com a reitoria da UFU. Segundo alguns ocupantes, o diálogo com a coordenação do campus teve início no mesmo dia em que eles entraram no RU. A princípio, o local estava sendo disputado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e pela Diretoria de Cultura (DICULT), que já vinham desenvolvendo um projeto para o bloco junto as coordenações de alguns cursos das Artes.
“Apesar disso, a partir do momento em que começamos a dialogar de forma mais tranquila [movimento e administração superior], encontramos importantes pontos de convergência entre os projetos que tínhamos, nós e eles, para a destinação provisória do espaço, a fim de desenvolver ali um movimento de cultura e arte”, explica a estudante e ocupante Renata Cardoso.
Para oficializar o ato, a forma adotada pelos ocupantes foi a de escrever um projeto dentro das normas da instituição para ceder veracidade às reivindicações. Assim, o projeto Núcleo de Cultura e Arte Carolina Maria de Jesus (NuCA) foi escrito por meio de uma comissão aberta entre os próprios ocupantes.
O projeto foi finalizado após duas semanas. O método utilizado foi o de debates, conversas e estudo compartilhado. Realizada a entrega do documento à Reitoria, o retorno foi, tanto por parte da PROEXC quanto da DICULT, positivo.
Em consequência, o objetivo dos ocupantes foi explicitado para a Universidade por meio dos inúmeros eventos programados, organizados e auxiliados por todos. Um dos principais episódios ocorrido ao longo das ocupações foi o “NuCa é Rua”, realizado às sextas-feiras à noite, de proporção temática e contra-hegemônica. Todos os saraus tiveram demarcações culturais e políticas.
O NuCa Carolina Maria de Jesus leva a sério o lema fixado na faixada na Instituição “UFU: um bem público a serviço do Brasil”. É por meio dessa frase que se conhece parte do que os ocupantes reivindicaram ao longo da ocupação: universidade não restrita aos discentes, mas para todo o povo brasileiro.
A desocupação do local ocorreu na última sexta-feira (13), com a conquista concreta e a institucionalização do antigo RU para fins de cultura e arte.
*Beatriz Ortiz, Carolina Santos e Roberto Vicente participaram da ocupação do Núcleo de Cultura e Arte Carolina de Jesus e são estudantes do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia.
Edição: Larissa Costa