Familiares de estudantes matriculados no Ensino Municipal de São Paulo (SP) realizam um novo ato neste sábado (21) contra a distribuição de ‘ração humana’ que a gestão de João Doria (PSDB) pretende implementar nas escolas.
O produto granulado feito a base de Farinata é composto de alimentos em datas críticas de vencimento ou fora do padrão de comercialização e produzido pela empresa Plataforma Sinergia.
Flor Pacheco, professora de inglês e mãe de um aluno de dois anos de idade do Centro de Educação Infantil (CEI) Diret Pinheiros critica o argumento utilizado pela Prefeitura de que a Farinata será um complemento nutricional de qualidade.
“Não há um estudo da Farinata. Não há nenhuma lista de quais são os componentes dela. É muito difícil você argumentar que tem valor nutritivo, que vai ser um bem se você não fez um estudo real e não sabe quais são os componentes. Não existe essa necessidade de um complemento, o que existe é a necessidade de uma alimentação real, a gente precisa de comida de verdade ", afirmou.
Diversas organizações, como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e o Conselho Regional de Nutricionistas (CNR) já se posicionaram contra o alimento processado.
As manifestações desses órgãos técnicos motivaram o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) a abrir uma investigação sobre o caso na quinta-feira (19). De acordo com o promotor de direitos humanos, José Carlos Bonilha, responsável pela ação do MP, o prefeito João Doria deverá apresentar argumentos técnicos para a implementação da Farinata nas escolas.
"Hoje eu expedi um ofício solicitando que Doria nos esclareça em que consiste esse produto, se o anúncio que ele fez foi precedido de alguma análise técnica, algum laudo que possa validar o valor nutricional dele e se, antes de ele anunciar publicamente a inclusão do produto, procurou testar o produto em algum órgão que aprovasse a possibilidade dele ser incluído no programa. Claro que se chegar a conclusão que ele não possui valor nutricional algum, que não deve ser distribuído, aí sim entraremos em contato com a Prefeitura para que ela impeça a distribuição", explicou.
De acordo com Flor Pacheco, as mobilizações de familiares vão continuar até que Doria desista de implementar o programa "Alimento Para Todos":
"Os pais estão bem mobilizados. A gente não vai permitir que crianças e que ser humano nenhum coma a ração, não vamos parar os atos até ele desistir disso de fato", disse.
O "Primeiro Ato Contra Ração Humana na Merenda de Nossos Filhos" foi realizado nessa quinta-feira (19). A próxima mobilização está marcada para este sábado (20), às 18h, com concentração na Praça Roosevelt, zona central da capital paulista. A atividade vai integrar a "Virada Educação 2017", que acontece entre o dia 20 e 21.
Edição: Camila Salmazio