Votação

Para desgastar Temer, oposição planeja esvaziar sessão da denúncia na Câmara

Estratégia dos parlamentares visa adiar votação e contornar "compra de votos" e outras manobras do presidente

Brasil de Fato | Brasília-DF |

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Estratégia da oposição para votação da denúncia foi anunciada em coletiva realizada nesta terça (24), na Câmara Federal
Estratégia da oposição para votação da denúncia foi anunciada em coletiva realizada nesta terça (24), na Câmara Federal - Cristiane Sampaio

Na véspera da votação da denúncia contra o presidente golpista Michel Temer (PMDB) no plenário da Câmara Federal, a disputa entre governo e oposição segue em clima de acirramento. Em coletiva realizada nesta terça-feira (24), líderes de partidos opositores anunciaram que a principal estratégia das legendas será o esvaziamento do plenário para tentar adiar a votação. De acordo com o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), a expectativa é ampliar a margem de segurança para derrotar o governo. 

 “A responsabilidade de dar quórum é do governo. É claro que, se o governo der quórum, nós vamos fazer a disputa, na dimensão que é preciso fazer, porque o problema é político. As insatisfações são crescentes e o governo está apavorado porque a cada momento perde voto, os deputados não querem votar e nós estamos otimistas”, disse o petista. 

Pelas normas regimentais, é preciso contabilizar a presença de 342 deputados na Casa para dar início à votação. O número equivale a dois terços do total de deputados. Caso o plenário vote a pauta, vence a disputa quem tiver maioria simples. Na primeira denúncia contra Temer, em agosto, o governo angariou 263 votos, enquanto a oposição obteve 227.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou as manobras do governo para tentar ampliar o placar favorável. Entre as medidas está a liberação de emendas e a concessão de cargos pelo governo a aliados para tentar ampliar o placar favorável. Ela acredita que a oposição ainda pode virar o jogo, contando com a antipatia popular em relação à “compra de votos” praticada pelo Planalto.

“As acusações são graves, os indícios são graves, as provas são robustas. Nós não podemos perder pra um balcão de negócios. A sociedade não espera isso de nós, por conta da credibilidade politica mínima que este parlamento e a democracia brasileira precisam ter”, declarou durante a coletiva. 

Mobilização 

Nestas últimas horas que antecedem a votação, os opositores não falam em expectativa de votos e trabalham não só pela ausência de quórum na votação, mas também pela mobilização popular nas ruas e nas redes sociais. Nesta terça-feira (24), os líderes da oposição se reuniram com representantes de centrais sindicais e movimentos populares para articular novas ações contra o governo. A ideia é pressionar ainda mais os parlamentares que estejam em dúvida. Nesta quarta (25), cidades como Rio de Janeiro e São Paulo serão palco de atos pela aceitação da denúncia.

Além disso, os opositores negociaram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a entrada de pessoas que possam assistir à votação da denúncia diretamente das galerias do plenário. Parte do espaço será reservada à imprensa e a outra ficará à disposição dos partidos para colocar assessores e representantes de grupos populares.

Do outro lado da disputa, o Planalto se articula para garantir o apoio da base. De acordo com o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), o grupo espera contabilizar entre 260 e 270 votos. 
 

Edição: Camila Salmazio