Na véspera da votação da denúncia contra o presidente golpista Michel Temer (PMDB) no plenário da Câmara Federal, a disputa entre governo e oposição segue em clima de acirramento. Em coletiva realizada nesta terça-feira (24), líderes de partidos opositores anunciaram que a principal estratégia das legendas será o esvaziamento do plenário para tentar adiar a votação. De acordo com o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), a expectativa é ampliar a margem de segurança para derrotar o governo.
“A responsabilidade de dar quórum é do governo. É claro que, se o governo der quórum, nós vamos fazer a disputa, na dimensão que é preciso fazer, porque o problema é político. As insatisfações são crescentes e o governo está apavorado porque a cada momento perde voto, os deputados não querem votar e nós estamos otimistas”, disse o petista.
Pelas normas regimentais, é preciso contabilizar a presença de 342 deputados na Casa para dar início à votação. O número equivale a dois terços do total de deputados. Caso o plenário vote a pauta, vence a disputa quem tiver maioria simples. Na primeira denúncia contra Temer, em agosto, o governo angariou 263 votos, enquanto a oposição obteve 227.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou as manobras do governo para tentar ampliar o placar favorável. Entre as medidas está a liberação de emendas e a concessão de cargos pelo governo a aliados para tentar ampliar o placar favorável. Ela acredita que a oposição ainda pode virar o jogo, contando com a antipatia popular em relação à “compra de votos” praticada pelo Planalto.
“As acusações são graves, os indícios são graves, as provas são robustas. Nós não podemos perder pra um balcão de negócios. A sociedade não espera isso de nós, por conta da credibilidade politica mínima que este parlamento e a democracia brasileira precisam ter”, declarou durante a coletiva.
Mobilização
Nestas últimas horas que antecedem a votação, os opositores não falam em expectativa de votos e trabalham não só pela ausência de quórum na votação, mas também pela mobilização popular nas ruas e nas redes sociais. Nesta terça-feira (24), os líderes da oposição se reuniram com representantes de centrais sindicais e movimentos populares para articular novas ações contra o governo. A ideia é pressionar ainda mais os parlamentares que estejam em dúvida. Nesta quarta (25), cidades como Rio de Janeiro e São Paulo serão palco de atos pela aceitação da denúncia.
Além disso, os opositores negociaram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a entrada de pessoas que possam assistir à votação da denúncia diretamente das galerias do plenário. Parte do espaço será reservada à imprensa e a outra ficará à disposição dos partidos para colocar assessores e representantes de grupos populares.
Do outro lado da disputa, o Planalto se articula para garantir o apoio da base. De acordo com o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), o grupo espera contabilizar entre 260 e 270 votos.
Edição: Camila Salmazio