Quatro dos cinco governadores eleitos pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão que reúne partidos opositores ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foram empossados pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC) do país na tarde dessa segunda-feira (23). Todos eles pertencem ao partido Ação Democrática, uma representação da velha direita venezuelana e que nessas eleições assumiu a liderança da oposição. Apesar das críticas dos opositores, a atitude demonstra a aceitação em relação aos resultados eleitorais.
Entre os governadores está Laidy Gómez (estado de Táchira), Alfredo Díaz (estado de Nueva Esparta), Ramón Guevara (estado de Mérida) e Antonio Barreto Sira (estado de Anzoátegui). Apenas o governador do estado de Zúlia, Juan Pablo Guanipa, eleito pelo partido opositor Primeiro Justiça, não aceitou ser empossado pela ANC. Primeiro Justiça é o partido liderado pelo deputado Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional, poder hoje controlado por uma maioria opositora. Zúlia é um estado petroleiro que faz fronteira com a Colômbia e tem uma das maiores economias da Venezuela.
Apesar do reconhecimento do maior partido da oposição, a MUD enquanto bloco opositor insiste na tese de fraude eleitoral e não reconheceu os resultados. "No dia 15 de outubro materializou-se um processo eleitoral fraudulento sem precedentes na nossa história. Como MUD, assumimos a responsabilidade de desconhecer os resultados", informou a coalizão opositora no dia seguinte às eleições. No entanto, mesmo depois de mais de uma semana, os partidos opositores não pediram a impugnação dos resultados eleitorais, em nenhum dos estados do país.
"Até o momento não recebemos nenhum tipo de impugnação eleitoral. Na Venezuela, qualquer pessoa que se sinta prejudicada no processo eleitoral pode entrar com recurso junto ao CNE. A lei de Processos Eleitorais estabelece o prazo de 20 dias para recorrer e impugnar o processo", destacou a reitora do Conselho Nacional Eleitoral, Tania D’Amelio. Segundo a reitora, não basta dizer que houve fraude, é preciso apontar os fatos concretos que levam a essa suspeita.
D’Amelio explicou ainda que a auditoria conta com terceiras fases. Na primeira, 53% da mesas eleitorais foram auditadas, sendo que a seleção das mesmas se deu por meio de um sorteio, e nenhuma irregularidade foi encontrada. Logo após, ocorreu uma verificação cidadã, em 1% das urnas, com a participação de testemunhas de todos os partidos políticos. Uma terceira fase ainda será realizada: "Entre os dias 1° e 4 de novembro, vamos verificar outros dados, dessa vez informações dos eleitores, como nomes e digitais colhidas na biometria. Isso também será feito em uma amostragem de 1% das urnas, com a presença das testemunhas de todos os partidos políticos", ressaltou a reitora.
Edição: Vivian Neves Fernandes