Movimento Somos Venezuela é o nome do programa criado há cinco meses pelo governo venezuelano do presidente Nicolás Maduro para que as políticas sociais cheguem em todos os rincões do país. O projeto envolve 86 mil jovens trabalhadores, estudantes e voluntários, espalhados pelos 23 estados da Venezuela. É uma espécie de exército social que vai de casa em casa, em bairros pobres e regiões rurais onde vivem famílias em situação de vulnerabilidade social.
Cerca de 2 mil jovens integrantes desse movimento se reuniram com o presidente Nicolás Maduro, nessa terça-feira (24), em um encontro nacional realizado no Teatro Tereza Carreño, na capital do país, Caracas, para fazer um balanço da expansão das políticas sociais realizadas nos últimos meses. As avaliações do encontro apontam que esse programa, impulsionado pelo governo, está contribuindo com o combate à crise e à guerra econômica pelas quais passam o país desde 2014 e que se agudizou neste ano.
Segundo Maduro, ao longo de cinco meses foram atendidas cerca de 3 milhões de famílias, beneficiadas com casas populares, cadastramento para aposentadoria para os idosos que têm direito ao benefício, bônus estudantil para comprar uniforme e material escolar, cesta com alimentos subsidiados pelo governo e cadastros no Carnê da Pátria – um registro que reúne os programas sociais de combate à fome e à pobreza.
"Pela primeira vez se realizam visitas em milhões de lares para levar o Carnê da Pátria. Três milhões de pessoas foram atendidas na Venezuela para otimizar as Grandes Missões [nome dado aos programas sociais do governo]. Estamos trabalhando para que a saúde pública, a educação, a Missão Robinson [programa de alfabetização] e Missão Sucre [formação técnica] possa chegar a todos os que precisam", destacou o presidente venezuelano.
Um dos participantes no encontro, o estudante universitário Cristian Reis explica que o trabalho dos jovens nessa missão social é atender de forma imediata as famílias que necessitam de apoio social. "Chegamos em uma casa e identificamos os problemas. Se tem crianças sem estudo, alguém que necessita de bolsa de estudo, se falta comida. Estamos realizando um trabalho diretamente do povo para o povo e buscamos soluções imediatas", relata o estudante, que é do estado Amazonas – no sul da Venezuela e fronteira com o Brasil.
Ele relata um dos casos que mais o marcou: "Chegamos na casa de uma mãe de família com sete crianças e que estava grávida do oitavo. Ela estava desempregada e vivia em situação muito precária. Imediatamente regularizamos o recebimento da cesta básica e a ingressamos no programa que entrega mobílias para a casa, para que as crianças pudessem ter condições mais dignas".
Com essa expansão das políticas públicas, os programas sociais do governo venezuelano hoje chegam a 15 milhões de pessoas, o que representa quase 50% da população do país, estimada em 31 milhões de habitantes. "Estamos construindo uma nova forma de governar, a partir dos de baixo, com a comunidade, a partir dos lares", declarou o presidente venezuelano.
A estudante Janira Carraqueiro, do estado de Carabobo – na região costeira do país –, conta como foi sua primeira experiência logo que começou a fazer parte do Movimento Somos Venezuela. "Encontramos uma família, formada por um casal e três crianças, vivendo em uma casa de barro, não tinha piso, nem banheiro. O casal também estava desempregado. Conseguimos emprego para os dois e uma casa em um conjunto habitacional construído pelo governo", relata a jovem.
Atualmente, o governo venezuelano investe 72% do orçamento público em políticas sociais. Em 2015, esse percentual era de 62%, de acordo com dados oficiais.
Em quatro anos foram entregues 1,7 milhão de casas populares e o índice de escolarização chegou a 90% da população. Ainda de acordo com informações do governo, a Venezuela zerou a analfabetismo.
Além disso, o país é o segundo da América Latina em matrículas na educação universitária, com 83% dos jovens em idade escolar fazendo faculdade. Neste índice, o país perde apenas para Cuba, que tem 109% de matrículas. No Brasil, o número é de 30%. Isso é o que aponta o Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Edição: Vivian Neves Fernandes